Bloomberg Línea — A Marfrig (MRFG3) registrou lucro líquido de R$ 85 milhões no segundo trimestre de 2025, alta de 13% na comparação anual, com impulso do desempenho da operação na América do Sul.
A receita líquida consolidada somou R$ 37,8 bilhões, crescimento de 8,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto o fluxo de caixa operacional subiu 17%, para R$ 3,046 bilhões.
A alavancagem financeira medida pela dívida líquida gerencial e o Ebitda ajustado UDM Gerencial (últimos 12 meses) caiu de 3,38 vezes para 2,71 vezes.
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“Isso faz parte do nosso mantra de disciplina financeira”, disse o CEO da divisão sul-americana da empresa, Rui Mendonça, em entrevista coletiva com jornalistas nesta quinta-feira (14), em relação à diminuição da alavancagem da empresa.
Na América do Sul, a receita líquida subiu quase 10%, para R$ 4 bilhões, com alta de 7,8% no volume vendido e ganho de 1,8 ponto percentual na margem Ebitda ajustada, para 10,9%.
“Esse resultado robusto tem muito a ver com o aumento da capacidade produtiva e com um programa muito focado em produtos de valor agregado”, disse Mendonça.
As exportações representaram 55% da receita sul-americana, com destaque para China e Europa.
Não à toa, o impacto das tarifas de 50% contra o Brasil sobre os negócios impostas pelos Estados Unidos foi limitado no período, já que a região responde por apenas 2,1% da receita de exportação de carnes brasileiras.
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“Redirecionamos a produção [que iria para os EUA] para outros mercados ou para a produção de processados, como hambúrgueres. No dia-a-dia tomamos a decisão que terá o melhor resultado”, afirmou Mendonça.
Outro fator de atenção na América do Norte é que a indústria enfrentou preços recordes do gado e margens pressionadas.
Para Tim Klein, CEO da operação nos EUA, a recomposição do rebanho bovino dos EUA, essencial para aliviar os custos, pode demorar.
“Sabemos que há uma retenção em andamento, com redução da liquidação de fêmeas, o que deve resultar em melhoria de margens em algum momento entre 2027 e 2028”, disse.
Mesmo assim, a receita na região foi de R$ 3,3 bilhões, avanço de 5,3%. Por outro lado, o Ebitda ajustado caiu 71,8%, para R$ 25 milhões.
“O abastecimento deve permanecer apertado durante esse ciclo do gado, mas vemos sinais de melhoria no médio prazo”, acrescentou Klein.
Mercado interno e China
A companhia reforçou a aposta no mercado doméstico, que no Brasil e na Argentina concentra 75% das vendas de industrializados.
“O mercado interno brasileiro tem mostrado uma força grande, com aumento de renda, baixo desemprego e preferência por proteína”, disse Mendonça.
Na China, maior importador global de carne bovina, a expectativa é a de demanda aquecida no segundo semestre, impulsionada pelas compras para o Ano Novo Lunar.
“Os preços para a China no segundo trimestre foram 25% superiores aos do mesmo período de 2024”, disse.
Incorporação pela Marfrig
Em abril, a Marfrig anunciou a incorporação das ações da BRF. A nova companhia, batizada de MBRF Global Foods Company, já obteve a aprovação dos acionistas.
O negócio ainda depende do aval do Cade (Conselho Econômico de Defesa Econômica). Segundo executivos da Marfrig, a expectativa é que a conclusão deva ocorrer em setembro.
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