Bloomberg Línea — A JBS deu um novo passo em seu processo de dupla listagem na Bolsa de Nova York (NYSE), que se somará, segundo o plano, à presença hoje existente na B3, a bolsa brasileira.
Com o pedido aprovado pela SEC (Securities and Exchange Commission), o conselho de administração da empresa - uma das maiores do mundo na indústria de alimentos - convocou para 23 de maio a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) que vai decidir se a JBS terá uma dupla listagem.
A operação também depende da aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Na B3, caso o plano seja aprovado, haverá negociação de BDRs (Brazilian Depositary Receipts) de Nível II.
A J&F Investimentos, holding da família Batista, e a BNDESPar, os dois principais acionistas em volume de papeis, vão se abster de votar na assembleia. Eles detêm cerca de 48% e 21% do capital, respectivamente.
Isso deixará a decisão de aprovar ou não a dupla listagem a cargo de investidores que são detentores de pouco mais de 30% do free float da companhia (JBSS3).
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”Acreditamos que essa operação [da listagem também na NYSE] vai aumentar nossa visibilidade no cenário internacional, atrair novos investidores e fortalecer ainda mais nossa posição como líder global de alimentos”, disse Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS, em comunicado.
Caso a proposta seja aprovada pela maioria dos acionistas, a JBS estima que o início da oferta das ações no mercado americano será a partir de junho.
“O processo representará um novo capítulo na história da companhia, com potencial de destravar o valor da ação e chegar a uma base mais ampla de investidores”, disse o CFO da JBS, Guilherme Cavalcanti, no mesmo comunicado.
Executivos da JBS têm apontado para múltiplos mais altos de empresas que são pares na indústria de processamento de carnes e têm listagem em Nova York para destacar o potencial de valorização.
A empresa controlada em particular pelos irmãos Joesley e Wesley Batista encerrou esta terça-feira (22) com valor de mercado de R$ 99 bilhões. Em 12 meses, as ações dobraram de valor.
A JBS está entre as maiores empresas de alimentos do mundo, com mais de 250 fábricas, produção em 17 países, mais de 300 mil clientes e presença em mercados de mais de 180 países.
Nos últimos anos, a expansão da JBS atendeu a uma estratégia de diversificação geográfica e de proteínas, o que reforçou a resiliência dos negócios diante dos ciclos dos diferentes mercados em que atua.
Em entrevista neste mês à Bloomberg Línea, Cavalcanti explicou que o porte da JBS - uma das maiores empresas de alimentos do mundo - e sua “sólida” geração de caixa a posicionam como uma compradora natural de ativos relevantes no setor de proteínas, em que é líder mundial.
“Hoje, qualquer empresa do setor que entra à venda no mundo acaba sendo oferecida à JBS pelos bancos”, afirmou o CFO na ocasião.
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Em março deste ano, a JBS acertou a compra da empresa The Vegetarian Butcher, da Unilever, para ampliar o seu portfólio de carnes vegetais. O valor da transação não foi divulgado.
Em janeiro, a JBS anunciou a aquisição de 50% da Mantiqueira para reforçar a estratégia de diversificação com a entrada em ovos. O acordo envolveu a compra de 48,5% do capital social total e de 50% do capital com direito a voto da Mantiqueira, com enterprise value de R$ 1,9 bilhão.
- Com a colaboração de Naiara Albuquerque.
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