JBS terá votação sobre dupla listagem em 23 de maio e pode estrear na NYSE em junho

J&F Investimentos, holding da família Batista, e BNDESPar vão se abster de votar na assembleia, o que deixará a decisão nas mãos de acionistas que detêm pouco mais de 30% do free float

JBS
22 de Abril, 2025 | 09:10 PM

Bloomberg Línea — A JBS deu um novo passo em seu processo de dupla listagem na Bolsa de Nova York (NYSE), que se somará, segundo o plano, à presença hoje existente na B3, a bolsa brasileira.

Com o pedido aprovado pela SEC (Securities and Exchange Commission), o conselho de administração da empresa - uma das maiores do mundo na indústria de alimentos - convocou para 23 de maio a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) que vai decidir se a JBS terá uma dupla listagem.

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A operação também depende da aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Na B3, caso o plano seja aprovado, haverá negociação de BDRs (Brazilian Depositary Receipts) de Nível II.

A J&F Investimentos, holding da família Batista, e a BNDESPar, os dois principais acionistas em volume de papeis, vão se abster de votar na assembleia. Eles detêm cerca de 48% e 21% do capital, respectivamente.

Isso deixará a decisão de aprovar ou não a dupla listagem a cargo de investidores que são detentores de pouco mais de 30% do free float da companhia (JBSS3).

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”Acreditamos que essa operação [da listagem também na NYSE] vai aumentar nossa visibilidade no cenário internacional, atrair novos investidores e fortalecer ainda mais nossa posição como líder global de alimentos”, disse Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS, em comunicado.

Caso a proposta seja aprovada pela maioria dos acionistas, a JBS estima que o início da oferta das ações no mercado americano será a partir de junho.

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“O processo representará um novo capítulo na história da companhia, com potencial de destravar o valor da ação e chegar a uma base mais ampla de investidores”, disse o CFO da JBS, Guilherme Cavalcanti, no mesmo comunicado.

Executivos da JBS têm apontado para múltiplos mais altos de empresas que são pares na indústria de processamento de carnes e têm listagem em Nova York para destacar o potencial de valorização.

A empresa controlada em particular pelos irmãos Joesley e Wesley Batista encerrou esta terça-feira (22) com valor de mercado de R$ 99 bilhões. Em 12 meses, as ações dobraram de valor.

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A JBS está entre as maiores empresas de alimentos do mundo, com mais de 250 fábricas, produção em 17 países, mais de 300 mil clientes e presença em mercados de mais de 180 países.

Nos últimos anos, a expansão da JBS atendeu a uma estratégia de diversificação geográfica e de proteínas, o que reforçou a resiliência dos negócios diante dos ciclos dos diferentes mercados em que atua.

Em entrevista neste mês à Bloomberg Línea, Cavalcanti explicou que o porte da JBS - uma das maiores empresas de alimentos do mundo - e sua “sólida” geração de caixa a posicionam como uma compradora natural de ativos relevantes no setor de proteínas, em que é líder mundial.

“Hoje, qualquer empresa do setor que entra à venda no mundo acaba sendo oferecida à JBS pelos bancos”, afirmou o CFO na ocasião.

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Em março deste ano, a JBS acertou a compra da empresa The Vegetarian Butcher, da Unilever, para ampliar o seu portfólio de carnes vegetais. O valor da transação não foi divulgado.

Em janeiro, a JBS anunciou a aquisição de 50% da Mantiqueira para reforçar a estratégia de diversificação com a entrada em ovos. O acordo envolveu a compra de 48,5% do capital social total e de 50% do capital com direito a voto da Mantiqueira, com enterprise value de R$ 1,9 bilhão.

- Com a colaboração de Naiara Albuquerque.

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Marcelo Sakate

Marcelo Sakate é editor-chefe da Bloomberg Línea no Brasil. Anteriormente, foi editor da EXAME e do CNN Brasil Business, repórter sênior da Veja e chefe de reportagem de economia da Folha de S. Paulo.