Bloomberg — A Corteva domina o mercado norte-americano de sementes de soja geneticamente modificadas para resistir a sprays contra ervas daninhas. Agora ela está de olho no Brasil.
A empresa espera que suas sementes Enlist E3 conquistem uma fatia significativa do mercado no país. “Não vemos nenhuma razão para que não possamos ter 20% ou 30%” dos hectares de soja do Brasil até o final da década, de acordo com o CEO, Chuck Magro.
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O país é o maior produtor mundial da commodity usada para produzir ração para frango e combustível. O setor agrícola do Brasil tem visto uma expansão desenfreada da área cultivada, emergindo como um importante motor de crescimento para os fornecedores de sementes, pesticidas e fertilizantes. Os produtores plantaram 47 milhões de hectares de soja neste ano, em comparação com cerca de 35 milhões de hectares nos EUA.
A Corteva, sediada em Indianápolis, estará licenciando sua tecnologia Enlist E3 para outros fornecedores de sementes como parte dos esforços para promover o crescimento. “Será uma parte fundamental de nossa estratégia de licenciamento de sementes”, disse Magro em uma entrevista no escritório da Bloomberg em Nova York.
As sementes da Corteva, que permitem que os agricultores pulverizem as plantações com pesticidas, incluindo glifosato e colina 2,4-D, conquistaram quase dois terços do mercado dos EUA desde que foram introduzidas em 2019, de acordo com a empresa. Sua taxa de adoção ainda é insignificante no Brasil, onde o sistema está disponível há apenas alguns anos.
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Desafios e incertezas
A empresa enfrentará desafios no Brasil, onde os produtores de soja dependem muito de uma tecnologia concorrente comercializada pela Bayer AG. Além disso, as finanças dos fazendeiros estão sob pressão depois que anos de expansão alimentada por dívidas foram confrontados com uma queda nos preços e perdas causadas pela seca em 2024. Os pedidos de falência no setor agrícola do país aumentaram, e os varejistas de insumos agrícolas foram duramente atingidos por um excesso de estoque.
Embora as incertezas persistam, o mercado brasileiro parece estar “caminhando lentamente em direção à estabilidade e ao crescimento”, disse Magro, citando a melhora nos pedidos e as expectativas de aumento nas vendas no quarto trimestre.
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"Certamente parece que demos a volta por cima no Brasil", disse o executivo. "Mas não sei se já estamos fora de perigo".
As ações da Corteva, que se separou da DowDuPont há cinco anos, subiram 29% este ano. A empresa deve registrar uma recuperação nos lucros operacionais em 2025, após uma queda neste ano, de acordo com estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg.
--Com a colaboração de Tarso Veloso.
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