EUA avançam no mercado de combustível de aviação sustentável com etanol de milho

Primeira usina com essa matriz fica no estado da Geórgia e pertence à LanzaJet, que tem a holding da British Airways como investidora; Raízen lidera em SAF de etanol de cana-de-açúcar

Produção de SAF com etanol de milho é um mercado crescente no mercado americano e global (Foto: Christinne Muschi/Bloomberg)
Por Kim Chipman
25 de Janeiro, 2024 | 04:19 PM

Bloomberg — A primeira usina do mundo a utilizar etanol de milho para produzir combustível de aviação com menor impacto de poluição foi inaugurada nos Estados Unidos, um desenvolvimento que os produtores do grão em Iowa e os produtores de biocombustíveis dizem ser um alerta para acelerar a descarbonização.

A LanzaJet, sediada em Illinois, apresentou formalmente sua instalação de US$ 200 milhões em uma área rural do estado da Geórgia em um evento na quarta-feira (24), com investidores, incluindo a Suncor Energy e a International Airlines Group (IAG), holding da British Airways, além do secretário de Agricultura dos EUA, Tom Vilsack, e autoridades locais.

A usina, que recebeu fundos do governo dos EUA, planeja usar biocombustível feito tanto de matérias-primas tradicionais, incluindo milho cultivado nos EUA, quanto de tecnologias avançadas, disse o CEO da LanzaJet, Jimmy Samartzis, em uma entrevista.

Localizada em Soperton, a instalação produzirá 10 milhões de galões de SAF (Combustível de Aviação Sustentável na sigla em inglês) e diesel renovável por ano. O presidente dos EUA, Joe Biden, pediu pelo menos 3 bilhões de galões de produção geral de SAF anualmente até 2030.

PUBLICIDADE

A IAG investiu na LanzaJet em 2021 e disse que planeja levar a tecnologia para o Reino Unido. O governo britânico estabeleceu a meta de ter cinco usinas de combustível de aviação sustentável em construção até 2025.

“A usina de etanol para combustível de aviação da LanzaJet nos EUA é uma demonstração de como o apoio do governo e o investimento em tecnologias verdes podem ajudar a tornar a aviação mais sustentável”, disse o CEO da IAG, Luis Gallego.

A abertura da usina na Geórgia levou grupos de Iowa a alertar que agricultores e fabricantes de etanol no principal estado produtor de milho dos EUA correm o risco de perder a chance de lucrar significativamente com o mercado em desenvolvimento para combustível de aviação sustentável, ou SAF.

PUBLICIDADE

“Nenhuma usina de etanol de Iowa atualmente possui uma pontuação de intensidade de carbono baixa o suficiente para se qualificar como ingrediente para fazer SAF”, de acordo com um comunicado da Associação de Biocombustíveis Renováveis de Iowa e da Junta de Promoção de Milho de Iowa.

Em contraste, o Brasil, que principalmente produz etanol a partir de cana-de-açúcar, entrega mais de 7 bilhões de galões de etanol com uma pontuação de carbono esperada para se qualificar para a produção de SAF, disseram os grupos.

A Raízen (RAIZ4) tem liderado os investimentos e a produção de SAF, como contou o CEO da gigante de energias renováveis, Ricardo Mussa, à Bloomberg Línea em 2023.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Expansão da economia verde no Brasil esbarra em incerteza sobre políticas públicas

EUA preparam novas regras para biocombustível de milho voltado para a aviação