Bloomberg Línea — A MBRF (MBRF3) aposta no avanço da categoria de alimentos processados e de maior valor agregado para sustentar o crescimento e a rentabilidade no curto prazo diante de um ciclo mais desafiador do boi, disseram executivos da companhia durante teleconferência de resultados nesta manhã de terça-feira (11).
A companhia informou que as vendas de processados cresceram no Brasil nas categorias de embutidos e congelados, enquanto que no segmento internacional o avanço foi sustentado por marinados e empanados.
“O desempenho de processados no Brasil foi muito forte. Tivemos recorde de volume no terceiro trimestre, o que mostra a força das nossas marcas e o acerto na execução comercial”, afirmou Miguel Gularte, CEO da MBRF.
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O executivo disse que, com a abertura da China ao frango brasileiro - anunciada na última semana -, a operação da companhia pode se beneficiar a partir do envio de matéria-prima do Brasil a esse mercado e do processamento local.
“Essa abertura [do mercado chinês] permite um ramp-up dessa operação chinesa da MBRF em um ritmo mais acelerado até do que nós prevíamos inicialmente”, acrescentou Gularte.
A empresa também tem ampliado a aposta na diversificação de mercados como estratégia para diluir a dependência com a China.
No trimestre, a companhia destacou em seu balanço financeiro que conquistou 16 novas habilitações, em países como Argentina, Chile, Coreia do Sul e Reino Unido. No acumulado desde 2022, a empresa soma 214 novas habilitações.
“Estamos trabalhando para melhorar a rentabilidade em toda a cadeia, com foco em produtos de maior valor agregado e inovação, o que ajuda a diluir parte dos impactos do ciclo pecuário e da alta dos custos de insumos”, disse Gularte.
O vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores, José Inácio Scoseria Rey, disse que a categoria de processados ajudou a amortecer o impacto do embargo do mercado chinês, com o que classificou como bom desempenho em canais de varejo e food service.
Na região do Cone Sul, Rey falou sobre a força das marcas e a liderança nas categorias de empanados, com Sadia no Chile e hambúrguer na Argentina.
“A demanda interna se manteve sólida e o mix de produtos mais elaborados contribuiu para a estabilidade das margens”, disse.
Processados com papel fundamental
Os executivos da MBRF afirmaram que o segmento de processados continuará sendo um dos principais “amortecedores” enquanto o ciclo pecuário seguir em fase mais restrita do ponto de vista de oferta.
“A força das nossas marcas e a diversificação do portfólio nos dão condições de atravessar esse momento com resiliência e disciplina operacional”, disse Gularte.
Segundo a empresa, o volume de processados atingiu recorde histórico e as exportações Halal seguem com forte crescimento, especialmente para o Oriente Médio.
O CEO da Sadia Halal, Fabio Mariano, disse que em 2022 a companhia vendia o equivalente a 50.000 toneladas por ano de produtos processados na Turquia e, hoje, o patamar está em 80.000 toneladas.
“Ainda temos bastante espaço para crescer nessa categoria”, disse. O equivalente a 75% do que a companhia vende na região é in natura, o que evidencia a oportunidade em processados destacada pelos executivos.
Em outubro deste ano, a empresa anunciou a ampliação de sua joint venture com o fundo soberano saudita PIF justamente mirando o mercado halal.
A operação da Sadia Halal no período foi avaliada em US$ 2,07 bilhões.
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Visão de analistas do Itaú BBA
Em relatório publicado após o balanço financeiro divulgado no final do dia na segunda-feira (10), os analistas Gustavo Troyano, Bruno Tomazetto e Ryu Matsuyama, do Itaú BBA, avaliaram que o trimestre trouxe sinais de sinergia mais efetiva entre BRF e Marfrig, com o desempenho de processados “sustentando o resultado em um ambiente desafiador”.
“Os volumes de processados no Brasil se mantiveram sólidos, com crescimento em produtos de maior valor agregado, o que mostra que a fusão começa a gerar ganhos de escala e eficiência comercial”, segundo os analistas no relatório.
Os analistas do banco, no entanto, ponderaram que as sinergias financeiras e operacionais ainda estão em fase de maturação.
“O foco da companhia em eficiência e processados é acertado, mas os investidores ainda esperam evidências mais concretas de melhoria estrutural de margens”, escreveram no relatório.
Perto das 12h40, os papéis da companhia subiam 5,91%, a R$ 19,88. No acumulado do ano, e antes da fusão das empresas, o avanço foi da ordem de 15%.
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