Deere vê 2026 como ano ‘mais fraco’ do ciclo do agro e corta previsão de lucro

‘Para o futuro, acreditamos que 2026 marcará o ponto mais baixo do grande ciclo agrícola’, disse o CEO da empresa, John May em um comunicado

Tarifas de Trump e baixos preços das safras impactaram agricultores, e, consequentemente, perspectiva da empresa
Por Michael Hirtzer
26 de Novembro, 2025 | 10:32 AM

A primeira perspectiva da Deere, dona da John Deere, para o próximo ano ficou aquém das expectativas, uma vez que a incerteza continua a cercar o momento de uma recuperação da economia agrícola dos EUA.

A maior fabricante de máquinas agrícolas do mundo disse que o lucro líquido do ano fiscal ficará entre US$ 4 bilhões e US$ 4,75 bilhões, abaixo da estimativa média de analistas consultados pela Bloomberg News de US$ 5,31 bilhões.

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As ações caíram até 6,3% antes do início do pregão regular em Nova York.

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O corte do guidance para a fabricante de tratores ocorre no momento em que os agricultores foram duramente atingidos pelos baixos preços das safras e pelas políticas tarifárias do Presidente Donald Trump.

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Apesar de um acordo recente entre os EUA e a China para aumentar os embarques de safras americanas para a Ásia, ainda há dúvidas sobre se as vendas serão suficientes para tirar a economia agrícola dos EUA de uma queda que já dura anos.

A fabricante rival CNH Industrial NV apontou, no início deste mês, a “ambiguidade” dos termos do acordo comercial, o que deixa o setor sem certeza de como ele poderá beneficiar os agricultores de forma a levá-los a gastar mais.

“Olhando para o futuro, acreditamos que 2026 marcará o ponto mais baixo do grande ciclo agrícola”, disse o CEO John May em um comunicado.

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A Deere estimou que as vendas em 2026 de seu segmento de agricultura de grande porte - que atende aos maiores produtores de culturas como milho e soja - cairão de 15% a 20% nos EUA e no Canadá. A América do Sul está estável para tratores e colheitadeiras.

A empresa relatou um aumento nas vendas do quarto trimestre devido ao aumento das remessas e dos preços, mas o lucro operacional diminuiu devido aos custos elevados ligados, em parte, às tarifas.

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Em agosto, a Deere disse que as tarifas, como as que incidem sobre as importações de aço e alumínio dos EUA, custaram à empresa US$ 600 milhões.

Muitos no setor acreditam que a retomada das importações de safras dos EUA pela China, bem como um próximo pacote de ajuda para os agricultores americanos, devem ajudar em 2026.

O país asiático comprou quase 2 milhões de toneladas de soja dos EUA desde 30 de outubro.

No entanto, as autoridades chinesas ainda não confirmaram os detalhes de um acordo comercial com os EUA. Isso criou mais incertezas para os agricultores enquanto planejam as decisões de plantio e os pedidos de equipamentos para o próximo ano.

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