Cargill planeja manter expansão no processamento de soja, diz presidente no Brasil

Em entrevista à Bloomberg News, Paulo Sousa diz que empresa continua a ver o Brasil como a principal fonte de crescimento, apesar das margens mais apertadas no setor

Los granos de soja se descargan en un camión durante una cosecha en Santa Cruz do Rio Pardo, estado de Sao Paulo, Brasil, el sábado 7 de marzo de 2020. Los futuros de la soja y el maíz cayeron debido a que la caída del real aumentó el atractivo de las exportaciones del gigante de los cultivos de Brasil, mientras que los problemas del coronavirus pesaron sobre los mercados de materias primas.
Por Clarice Couto
29 de Abril, 2024 | 03:08 PM

Bloomberg — A Cargill, maior trading agrícola do mundo, pretende continuar sua expansão no esmagamento de soja no Brasil, inclusive por meio de aquisições, mesmo depois que as margens do setor afundaram recentemente.

A empresa investiu um recorde de R$ 2,6 bilhões no país no ano passado. E embora esse número vá diminuir em 2024, a companhia ainda planeja investir acima de sua média histórica, disse Paulo Sousa, presidente da Cargill no Brasil.

“A Cargill continua vendo o Brasil como a principal fonte do crescimento da oferta de produtos agrícolas para o mundo nos próximos anos. Com isso, vamos manter um ritmo constante de investimentos”, disse Sousa em entrevista à Bloomberg News.

O compromisso é uma demonstração de como a gigante do agronegócio permanece otimista com as perspectivas de longo prazo para o setor no país, mesmo diante de um aumento da oferta global de grãos e preços mais baixos que têm deteriorado os lucros em toda a indústria.

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O Brasil ultrapassou os EUA como maior exportador mundial de milho no ano passado, depois de já ter conquistado o primeiro lugar na soja há cerca de uma década. Por outro lado, vários produtores no país enfrentam falências.

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A demanda crescente por óleos vegetais que podem ser convertidos em biocombustível sustenta a expansão do esmagamento de oleaginosas da Cargill, disse Sousa. Também houve um boom no mercado de farelo de soja.

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Em 2023, a maior parte dos investimentos da Cargill no Brasil foi para a aquisição de três plantas de esmagamento de soja e instalações de biodiesel da Granol, além de quatro armazéns.

Para 2024, outra grande área de investimento será um novo terminal de grãos em Porto Velho, Rondônia, na região amazônica, que terá sua capacidade triplicada.

“Temos bastante investimentos no pipeline, bastante greenfield. Continuamos olhando brownfield, na parte de processamento nós preferimos olhar brownfield”, disse Sousa.

Ao mesmo tempo, a Cargill concordou recentemente em vender um total de oito ativos do setor de grãos em cinco estados americanos para a cooperativa agrícola CHS.

A Cargill dobrou seus lucros no Brasil em 2023 para R$ 2,5 bilhões, puxados por margens melhores para o esmagamento de soja, disse Sousa. O volume de vendas no país totalizou 51 milhões de toneladas de produtos agrícolas, a maior parte soja e milho.

Os preços mais altos na última safra também ajudaram a impulsionar os resultados da Cargill.

Este ano, os lucros serão prejudicados em parte pelas compras mais cautelosas dos importadores chineses, disse Sousa.

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“Nós tivemos um alinhamento de planetas em 2023, preços de commodities altos, margens de originação mais remuneradoras e margens recordes no processamento de soja”, disse Sousa. “Eu gostaria muito de dizer que esperamos a mesma coisa para esse ano, mas a resposta é não.”

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