BNDESPar reduz participação na JBS às vésperas de assembleia sobre listagem em NY

Venda de ações teria movimentado cerca de R$ 2,5 bilhões para o banco, segundo estimativas de mercado; papel está próximo do all-time high a dias da assembleia de acionista nesta sexta (23)

Sede do BNDES no Rio de Janeiro: banco de desenvolvimento é o segundo maior acionista da JBS (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
21 de Maio, 2025 | 10:01 AM

Bloomberg Línea — A BNDESPar, “braço” de participações do BNDES, reduziu sua fatia acionária na JBS de 20,81% para 18,18% entre 23 de abril de 2025 e 20 de maio de 2025.

A informação foi comunicada pela própria JBS em fato relevante enviado nesta terça-feira (21) à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

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A BNDESPar não informou o valor da operação. Estima-se no mercado que a venda tenha resultado em valor aproximado de R$ 2,5 bilhões.

A redução ocorre às vésperas da assembleia de acionistas marcada para a próxima sexta-feira (23), na qual a companhia (JBSS3) pretende aprovar sua dupla listagem na Bolsa de Valores de Nova York, a NYSE.

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Em março, a BNDESPar firmou um acordo com a J&F Investimentos, holding dos irmãos Batista que controla a JBS. O acordo prevê o pagamento de até R$ 500 milhões à BNDESPar caso a operação nos EUA não resulte na valorização esperada das ações.

Pelo mesmo acordo, a BNDESPar também se comprometeu a se abster de votar sobre a proposta de listagem.

No mês seguinte, a ação atingiu o all-time high na bolsa brasileira, na casa de R$ 47,00. Fechou nesta terça-feira a R$ 42,01, com alta da ordem de 13% no acumulado de 2025 e acima de 40% em 12 meses.

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Apresentada há cerca de dois anos e aprovada no mês passado pela SEC (Securities and Exchange Commission), a proposta de reestruturação societária da JBS ainda enfrenta resistência de alguns grupos que, em sua maioria, não são acionistas da companhia.

Leia mais: JBS se aproxima de dupla listagem em Nova York após acordo com BNDES

Alguns ambientalistas, investidores ativistas e políticos criticam a iniciativa com base em alegadas preocupações ligadas à governança e ao impacto ambiental das operações da companhia.

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Nas últimas semanas, duas empresas que prestam assessoria a investidores institucionais, a Institutional Shareholder Services (ISS) e a Glass Lewis, recomendaram voto contra a dupla listagem, com objeções à estrutura de capital prevista com ações com maior direito a voto pelos controladores.

Essa estrutura é utilizada por outras grandes companhias, incluindo concorrentes da JBS, como a americana Tyson Foods.

A JBS, por sua vez, argumenta que a listagem em Nova York poderia elevar o valor de mercado da empresa dos atuais US$ 12 bilhões para até US$ 30 bilhões, diante do acesso facilitado a uma base mais ampla de grandes fundos globais.

E isso beneficiaria os acionistas de modo geral. Há outros fatores elencados.

A dupla listagem abriria caminho para que a empresa se alinhasse, em termos de múltiplos, a concorrentes como Tyson Foods, Hormel Foods e sua subsidiária americana Pilgrim’s Pride, já que não está listada nos EUA e, por isso, não pode integrar índices como o Russell 2000 e o S&P 500.

E também criaria mais oportunidades de crescimento e geração de negócios em razão do acesso ampliado a fontes de financiamento com custos mais baixos, segundo a companhia.

- Com informações da Bloomberg News.

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Naiara Albuquerque

Formada em jornalismo pela Fáculdade Cásper Líbero, tem mestrado em Ciências da Comunicação pela Unisinos, e acumula passagens por veículos como Valor Econômico, Capricho, Nexo Jornal e Exame. Na Bloomberg Línea Brasil, é editora-assistente especializada na cobertura de agronegócios.