Bloomberg Línea — Três meses após o início de negociação de sua ação na NYSE, a Bolsa de Nova York, a JBS planeja acelerar sua relevância no mercado de capitais com a entrada nos principais índices de ações, disse o CEO global da companhia, Gilberto Tomazoni, a jornalistas na quinta-feira (11) em evento do Bradesco BBI em São Paulo.
Segundo Tomazoni, o interesse de investidores na listagem em Nova York tem sido “muito positivo”.
“O grande objetivo é acelerar a reprecificação da ação. Isso depende de estar nos índices, porque 53% do mercado americano são fundos passivos”, afirmou o executivo quando questionado pela Bloomberg Línea sobre os planos da empresa após a entrada na bolsa americana.
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Segundo ele, a JBS tem condições de ingressar no Russell 1000 no início de 2026, enquanto a inclusão no S&P 500 ainda deve levar mais tempo.
Entrar em tais índices, como o Russell 1000 ou o S&P 500, é estratégico porque amplia a base de investidores que podem comprar ações da JBS.
Ao ser incluída, a companhia passa a ter demanda recorrente por seus papéis, o que aumenta a liquidez, reduz a volatilidade e apoia a reprecificação da ação, em linha com o porte global da empresa, como mencionou Tomazoni.
O executivo disse que a listagem também fortalece a governança corporativa da empresa.
“Antes estávamos só sob a CVM [Comissão de Valores Mobiliários], agora temos também na SEC [Securites and Exchange Commission], o que enriquece e melhora nosso nível de governança”, disse.
“[Para o S&P500, por exemplo], a empresa tem que ter um nível de faturamento, um valor de equity. Tudo isso é possível, mas há muitas outras coisas que não são tão pragmáticas como essas, e tem outros critérios envolvidos”, disse.
Desde que começou a ser negociada em Nova York, em 13 de junho deste ano, as ações da empresa avançaram 14,3%. No fechamento desta quinta-feira, os papéis encerraram o dia cotados a US$ 15,86.
Novos mercados
Durante o evento do Bradesco BBI, Tomazoni falou sobre a importância da abertura de novos mercados, além das negociações com a China e o Japão.
Segundo ele, uma missão chinesa deve visitar o Brasil em setembro, em uma etapa importante para a retomada das exportações de frango após o caso de gripe aviária - confirmado em 16 de maio.
Sobre o Japão, o executivo disse que a abertura do mercado para a carne bovina brasileira “seria extraordinária”, mas ressaltou que o processo é lento: “É preciso tempo para construir credibilidade e demonstrar padrões”.
Até o momento, o país abriu as portas para importar produtos brasileiros à base de gordura de aves, suínos e bovinos. O Ministério da Agricultura (Mapa), espera abrir o mercado para a carne bovina até o final deste ano.
Para o executivo, a demanda global por proteína deve seguir em expansão, com destaque para Ásia e África como novos pólos de crescimento.
Diversificação e concorrência
O CEO reforçou que a diversificação em proteínas segue como prioridade, eventualmente via M&As, e citou os negócios de salmão e, mais recentemente, o de ovos, com a Mantiqueira, mas descartou aquisições sem retorno claro.
“Se não gerar valor, nós não compramos”, disse.
Quanto à concorrência no setor de alimentos, sobretudo a recente fusão da BRF com a Marfrig, recém-aprovada pelo Cade, Tomazoni minimizou os efeitos das recentes consolidações e disse que “o concorrente nos faz trabalhar mais”.
“A BRF já concorria com a Seara, e a Marfrig já concorria com a Friboi. Os concorrentes já estão aí, eles só se juntaram. Não muda nada para nós”, disse.
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