Após listagem em NY, JBS mira entrar nos índices. O alvo é o S&P 500, diz CEO

Gilberto Tomazoni disse a jornalistas em evento do Bradesco BBI que inclusão em índices americanos é chave para acelerar a reprecificação da ação e ampliar a base de investidores. Entrar no Russell 1000 é factível já no começo de 2026, afirmou

JBS NV signage at the New York Stock Exchange (NYSE) in New York, US, on Wednesday, June 25, 2025. JBS NV shares started trading in New York on June 13, giving the world's largest meat producer a market value of about $15 billion as it culminated a years-long effort to reach a broader pool of investors. Photographer: Michael Nagle/Bloomberg
12 de Setembro, 2025 | 05:31 AM

Bloomberg Línea — Três meses após o início de negociação de sua ação na NYSE, a Bolsa de Nova York, a JBS planeja acelerar sua relevância no mercado de capitais com a entrada nos principais índices de ações, disse o CEO global da companhia, Gilberto Tomazoni, a jornalistas na quinta-feira (11) em evento do Bradesco BBI em São Paulo.

Segundo Tomazoni, o interesse de investidores na listagem em Nova York tem sido “muito positivo”.

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“O grande objetivo é acelerar a reprecificação da ação. Isso depende de estar nos índices, porque 53% do mercado americano são fundos passivos”, afirmou o executivo quando questionado pela Bloomberg Línea sobre os planos da empresa após a entrada na bolsa americana.

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Segundo ele, a JBS tem condições de ingressar no Russell 1000 no início de 2026, enquanto a inclusão no S&P 500 ainda deve levar mais tempo.

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Entrar em tais índices, como o Russell 1000 ou o S&P 500, é estratégico porque amplia a base de investidores que podem comprar ações da JBS.

Ao ser incluída, a companhia passa a ter demanda recorrente por seus papéis, o que aumenta a liquidez, reduz a volatilidade e apoia a reprecificação da ação, em linha com o porte global da empresa, como mencionou Tomazoni.

O executivo disse que a listagem também fortalece a governança corporativa da empresa.

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“Antes estávamos só sob a CVM [Comissão de Valores Mobiliários], agora temos também na SEC [Securites and Exchange Commission], o que enriquece e melhora nosso nível de governança”, disse.

“[Para o S&P500, por exemplo], a empresa tem que ter um nível de faturamento, um valor de equity. Tudo isso é possível, mas há muitas outras coisas que não são tão pragmáticas como essas, e tem outros critérios envolvidos”, disse.

Desde que começou a ser negociada em Nova York, em 13 de junho deste ano, as ações da empresa avançaram 14,3%. No fechamento desta quinta-feira, os papéis encerraram o dia cotados a US$ 15,86.

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Novos mercados

Durante o evento do Bradesco BBI, Tomazoni falou sobre a importância da abertura de novos mercados, além das negociações com a China e o Japão.

Segundo ele, uma missão chinesa deve visitar o Brasil em setembro, em uma etapa importante para a retomada das exportações de frango após o caso de gripe aviária - confirmado em 16 de maio.

Sobre o Japão, o executivo disse que a abertura do mercado para a carne bovina brasileira “seria extraordinária”, mas ressaltou que o processo é lento: “É preciso tempo para construir credibilidade e demonstrar padrões”.

Até o momento, o país abriu as portas para importar produtos brasileiros à base de gordura de aves, suínos e bovinos. O Ministério da Agricultura (Mapa), espera abrir o mercado para a carne bovina até o final deste ano.

Para o executivo, a demanda global por proteína deve seguir em expansão, com destaque para Ásia e África como novos pólos de crescimento.

Diversificação e concorrência

O CEO reforçou que a diversificação em proteínas segue como prioridade, eventualmente via M&As, e citou os negócios de salmão e, mais recentemente, o de ovos, com a Mantiqueira, mas descartou aquisições sem retorno claro.

“Se não gerar valor, nós não compramos”, disse.

Quanto à concorrência no setor de alimentos, sobretudo a recente fusão da BRF com a Marfrig, recém-aprovada pelo Cade, Tomazoni minimizou os efeitos das recentes consolidações e disse que “o concorrente nos faz trabalhar mais”.

“A BRF já concorria com a Seara, e a Marfrig já concorria com a Friboi. Os concorrentes já estão aí, eles só se juntaram. Não muda nada para nós”, disse.

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