Bloomberg Línea — O BTG Pactual (BPAC11) avança em sua estratégia de expansão regional e tem o Peru como um de seus próximos mercados de atuação, em que espera obter sua licença bancária nos próximos meses, ao mesmo tempo em que avalia diferentes estratégias para se expandir mais no México e na Argentina.
“Temos bancos no Chile e na Colômbia, solicitamos uma licença bancária no Peru, estamos comprando um banco no Uruguai e temos corretoras no México e na Argentina”, disse Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual, em entrevista à Bloomberg Línea concedida em Bogotá, capital da Colômbia.
No Peru, o banco brasileiro já solicitou uma licença bancária - o processo começou em julho - e aguarda a aprovação do órgão regulador, conforme relatado anteriormente pelo CFO Renato Cohn em call com jornalistas em agosto.
“Acreditamos que em seis a nove meses deveremos estar operando”, disse o executivo, que comanda o banco ao lado de André Esteves, principal acionista e presidente do conselho de administração.
O BTG operaria como um banco multiuso com foco em empresas de médio e grande porte, segundo ele.
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Questionado sobre o México e a Argentina, as duas maiores economias depois do Brasil, Sallouti disse que “são dois mercados grandes e atraentes, mas é importante encontrar o momento e a plataforma certos para expandir”.
No curto prazo, “continuaremos a crescer organicamente nos dois países”.
Segundo ele, no México, a prioridade é identificar uma plataforma que faça sentido estratégico para o banco, enquanto na Argentina a atenção está voltada para que o governo consiga garantir a manutenção da estabilidade econômica.
“O resultado da eleição [legislativa no domingo] foi muito positivo e nos dá confiança para continuar nossa expansão orgânica”, acrescentou.
Em julho, o BTG concordou em comprar as operações do HSBC no Uruguai por US$ 175 milhões; além disso, tem aumentado a presença em outros mercados, como Chile e Colômbia, onde também espera crescer organicamente.
Ao comentar as expectativas para 2026, o executivo disse esperar que o mercado de dívida permaneça ativo, enquanto o acionário pode se recuperar, impulsionado pelo declínio global das taxas de juros.
A atividade de fusões e aquisições (M&A) deve permanecer em seu patamar atual, com mais transações estratégicas, mas sem grandes saltos no volume.
Até o terceiro trimestre de 2025, a América Latina registrou 2.118 fusões e aquisições, totalizando US$ 78,128 bilhões, de acordo com o TTR Data. O número de negócios caiu 4% em comparação com o mesmo período de 2024, mas seu valor acumulado aumentou 24%.
Embora o banco brasileiro não descarte novas compras, Sallouti afirmou que não há grandes aquisições no radar por enquanto.
O executivo destacou o processo de diversificação das áreas de negócios - com o avanço em empréstimos corporativos, gestão de ativos e gestão de patrimônio, entre outras - ao longo dos últimos anos.
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“A nossa diversificação, especialmente por meio de plataformas digitais e expansão geográfica na América Latina, tem sido transformadora para o BTG”, disse.
Sallouti minimizou possíveis impactos de turbulências políticas em diferentes países da América Latina na operação do banco de investimento: “Essas questões não são diferentes do que têm sido nos últimos 40 anos”.
O BTG Pactual tem um valor de mercado de R$ 235 bilhões, o que o torna o terceiro maior banco em capitalização de mercado no Brasil, atrás apenas de Nubank e Itaú Unibanco.
O banco tinha cerca de R$ 2,15 trilhões em ativos sob gestão ou administração tanto na asset como no segmento de wealth management ao fim do segundo trimestre.
Os números do terceiro serão divulgados no dia 11 de novembro.
Sob a liderança de Sallouti e de André Esteves, o banco evoluiu para um modelo que combina banco de investimento, gestão de patrimônio, banco corporativo e uma plataforma digital para o cliente de varejo.
Neste ano de 2025 até o segundo trimestre, o BTG Pactual reportou receitas de R$ 15,1 bilhões (+27% na base anual).
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