Sequoia Capital investe em ferramenta de IA que promete substituir junior bankers

Segundo pessoas que falaram com a Bloomberg News, a gigante de venture capital do Vale do Silício decidiu investir na startup Rogo, fundada por ex-banqueiros da Lazard e do JPMorgan

Wall Street
Por Kate Clark - Yazhou Sun
28 de Outubro, 2025 | 03:16 PM

Bloomberg — A Sequoia Capital fez uma aposta no futuro de Wall Street ao liderar um investimento na Rogo Technologies, uma startup que desenvolve ferramentas de inteligência artificial para tornar o trabalho dos banqueiros mais eficiente, segundo pessoas com conhecimento do assunto que falaram com a Bloomberg News.

O negócio avalia a Rogo, sediada em Nova York, em cerca de US$ 750 milhões, disseram as fontes.

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A empresa cria softwares que auxiliam banqueiros de investimento em várias tarefas e tem como meta desenvolver uma espécie de “analista virtual” para o setor.

O novo aporte mais que dobra o valuation da empresa em relação ao início do ano, quando a Thrive Capital liderou uma rodada Série B de US$ 50 milhões.

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A nova rodada deve levantar entre US$ 50 milhões e US$ 100 milhões, segundo as mesmas pessoas, que pediram anonimato porque as informações são privadas. Porta-vozes da Rogo e da Sequoia não comentaram.

A Rogo foi fundada em 2022 pelos ex-banqueiros de investimento Gabriel Stengel, que trabalhou na Lazard, e John Willett, ex-JPMorgan Chase, além de Tumas Rackaitis, ex-engenheiro de software da Gilder Gagnon Howe.

No início deste mês, a empresa contratou Rahul Rekhi, ex-diretor da Lazard, como presidente.

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Junior bankers costumam trabalhar mais de 80 horas por semana preparando apresentações em PowerPoint e modelos financeiros detalhados para fusões e aquisições alavancadas. A Rogo afirma que seu software reduz significativamente esse processo.

A ferramenta usa IA para criar apresentações – uma das partes centrais do trabalho desses profissionais – e também auxilia na redação de prospectos de ofertas públicas iniciais (IPOs) e na elaboração de modelos financeiros que sustentam as transações.

“Não é segredo que a IA já entrou de vez em Wall Street. As instituições capazes de usar essa tecnologia para aumentar a produtividade dos profissionais juniores terão uma enorme vantagem sobre as que não conseguirem”, disse Stengel em entrevista concedida no início do ano.

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Entre os clientes da Rogo estão a gestora Tiger Global e os bancos de investimento Lazard e Moelis, segundo o site da empresa.

O investimento da Sequoia ocorre em um momento em que a OpenAI treina seus modelos para lidar com tarefas financeiras semelhantes, com o objetivo de automatizar boa parte do trabalho repetitivo normalmente feito por analistas juniores.

A empresa trabalha com mais de 100 ex-banqueiros de investimento nesse projeto, chamado Mercury, informou a Bloomberg News.

A Anthropic, outra startup de IA, também lançou recentemente ferramentas voltadas ao setor financeiro, incluindo o Claude for Excel, conforme anunciou em seu blog na segunda-feira.

A Rogo enfrenta concorrência tanto de grandes instituições financeiras quanto de outras startups. O JPMorgan desenvolveu seu próprio chatbot com inteligência artificial para ajudar funcionários a redigir e resumir documentos e resolver problemas complexos em planilhas.

Já startups como a Hebbia oferecem soluções capazes de analisar rapidamente documentos e registros regulatórios para profissionais do mercado financeiro.

Crescem, no entanto, as preocupações de que ferramentas como as da Rogo possam limitar a capacidade dos jovens banqueiros de desenvolver certas habilidades essenciais.

Em resposta, Stengel disse à Bloomberg News em julho que a empresa ajuda “os banqueiros de investimento a evoluírem mais rápido”, acrescentando que “os melhores profissionais são muito ambiciosos e inteligentes, e sempre vão querer aprender os detalhes”.

Ainda assim, alguns empregos vão “desaparecer” por causa da inteligência artificial, afirmou David Solomon, presidente do Goldman Sachs, em entrevista à Bloomberg TV durante o evento Future Investment Initiative, em Riad.

“A IA vai substituir certas funções, da mesma forma que a tecnologia transformou várias profissões ao longo dos meus 42 anos de carreira”, disse ele, acrescentando que sempre haverá espaço para “pessoas realmente produtivas”.

-- Com a colaboração de Shona Ghosh.

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