Bloomberg — Empresas e o governo brasileiro provavelmente venderão ao menos US$ 35 bilhões em títulos de dívida no mercado internacional este ano, 36% a mais que em 2024, com as companhias tentando evitar a volatilidade associada às eleições presidenciais de 2026, de acordo com o UBS BB.
“É um número relevante, e obviamente os emissores estão tentando se adiantar às eleições”, disse o responsável pelo banco de investimento do UBS BB, Anderson Brito, em entrevista à Bloomberg News.
O responsável pelo mercado de dívida para Brasil do Bank of America, Caio Simões, está ainda mais otimista.
Em uma coletiva de imprensa no começo de outubro, ele disse esperar que as emissões de papéis de dívida externa de brasileiros atinjam até US$ 40 bilhões até o final deste ano, ante um volume recorde de US$ 30,7 bilhões já emitidos, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
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O UBS BB, uma joint-venture entre o UBS e o Banco do Brasil, assessorou um total de R$ 950 bilhões em operações no mercado de capitais desde que foi criado em 2020, de acordo com o CEO do banco de investimento, Daniel Barros.
Ele disse que a parceria ajudou a colocar o UBS entre os maiores bancos de investimento do Brasil mais rápido do que os executivos esperavam.
Marcelo Okura, co-responsável por mercados globais para América Latina, disse que os bancos de investimento “em geral são muito locais ou muito estrangeiros, e nós acreditamos ter uma posição diferente, que nos dá alcance global e escala com insights locais e experiência”.
Enquanto as emissões de títulos globais têm crescido, as ofertas de ações no Brasil estão em queda, de 28%, para R$ 20,8 bilhões neste ano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
As taxas de juros locais estão em níveis altos por um período mais longo do que o esperado por muitos analistas, reduzindo as perspectivas de ofertas de renda variável.
A seca de ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) por parte de empresas brasileiras se estende há quase quatro anos, com a última oferta, o IPO do Nubank, tendo ocorrido em dezembro de 2021.
O UBS BB participou de uma oferta subsequente de ações no Brasil neste ano, a operação de R$ 1,2 bilhão da Caixa Seguridade realizada em março.
Brito disse que cerca de 75% dos clientes institucionais do UBS BB esperam que listagens domésticas voltem a acontecer no quarto trimestre de 2026, de acordo com uma pesquisa feita pelo banco. A expectativa é que a janela reabra assim que o resultado da eleição presidencial estiver definido e a volatilidade começar a se reduzir.
“Nossos clientes estão esperando por múltiplos melhores para acessar o mercado de ações, mas temos uma longa lista de empresas excelentes que poderiam acessar os investidores assim que o mercado reabrir”, disse ele, adicionando que alguns IPOs de empresas brasileiras podem acontecer nas bolsas americanas no primeiro trimestre de 2026.
Para este ano, o banco também vê uma atividade forte em fusões e aquisições, com o volume podendo chegar à marca dos US$ 50 bilhões, 5% acima da média dos últimos 10 anos, disse Brito.
O UBS BB assessorou a empresa espanhola de energia Iberdrola em um dos maiores negócios de 2025, a compra de uma participação de 30,3% na brasileira Neoenergia antes detida pela Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, por R$ 12 bilhões, anunciada em setembro.
O banco de investimento, que tem cerca de 500 funcionários, reforçou a equipe recentemente com a contratação de Pedro Aguiar, vindo do Santander, para ficar à frente das atividades de assessoria a fusões e aquisições na América do Sul.
Para vendas de ações, o UBS BB contratou Adriano Yamamoto, que antes estava na área de venda de ações institucionais no banco digital C6, que tem o JPMorgan como sócio.
O mercado de renda fixa local, incluindo debêntures e securitizações, deve atingir R$ 550 bilhões, queda de 10% em relação ao ano passado, disse Brito. Ele adicionou que este ainda é “um número muito importante” ao se considerar que 2024 foi um ano recorde, e que o mercado foi de R$ 350 bilhões em 2023.
As receitas de banco de investimento nos mercados brasileiros caiu 17% nos nove primeiros meses deste ano, para US$ 478 milhões, de acordo com a empresa britânica de pesquisa Dealogic.
Porém, mesmo em um mercado em queda, o UBS BB espera conquistar uma fatia maior, disse Barros.
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