Fim do dinheiro? Costa Rica segue Brasil e aposta em pagamentos por QR code

Fintechs e bancos lideram iniciativas que devem habilitar mais de 25 mil pontos de venda até 2025; movimento acompanha tendência latino-americana, do Pix no Brasil às novas redes na Colômbia

Un datáfono del Sistema Nacional de Pago Electrónico en el Transporte Público (SINPE-TP), en Costa Rica, el 8 de octubre de 2024.
19 de Setembro, 2025 | 10:16 AM

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Na Costa Rica, novas iniciativas continuam a expandir as opções de pagamento sem dinheiro em um ambiente em que os consumidores já demonstram uma forte preferência por métodos digitais.

Um estudo recente da McKinsey & Company indica que apenas 28% dos usuários no país preferem usar dinheiro ao pagar, o que coloca a Costa Rica como o país com o terceiro menor uso de dinheiro na América Latina, atrás do Chile e da Argentina.

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Un autobús con publicidad del Sistema Nacional de Pago Electrónico en el Transporte Público (SINPE-TP), que impulsa el Banco Central costarricense.

Um dos novos métodos de pagamento é a solução desenvolvida pela fintech Evertec (EVTC), com sede em Porto Rico, em aliança com o Banco de Costa Rica (BCR), que permite pagamentos digitais por meio de códigos QR escaneados diretamente em telefones celulares.

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A solução não exige que as empresas troquem de equipamento ou incorram em custos adicionais, um fator que poderia facilitar sua adoção, especialmente entre as pequenas e médias empresas.

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A funcionalidade está integrada ao aplicativo Zunify, no qual os usuários podem selecionar qualquer uma de suas contas bancárias associadas.

A Evertec estima que mais de 25.000 pontos de venda estarão habilitados para esse tipo de transação até o final de 2025.

Essa medida ocorre em um cenário de mudança para meios de pagamento digitais. Na Costa Rica, 73% dos entrevistados em 2024 disseram que usam cartões de débito para compras presenciais, superando o dinheiro (69%), de acordo com dados da Mastercard.

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Tendência na região

O novo serviço para os usuários da Costa Rica se junta a um movimento mais amplo na América Latina, onde as instituições públicas já promovem pagamentos digitais.

Na Colômbia, o Banco de la República lançará a rede nacional de pagamentos interoperáveis Bre-B em outubro, que permitirá transferências imediatas entre contas sem restrições de tempo.

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A Associação Bancária Colombiana (Asobancaria) projeta que o uso de dinheiro em espécie poderá cair de 75% para 55% quando a infraestrutura estiver totalmente operacional.

Evertec y el Banco de Costa Rica ya comenzaron a implementar pagos QR desde datáfonos con la app Zunify.

No Brasil, o Banco Central consolidou sua plataforma Pix como o principal canal de pagamentos digitais desde que entrou em pleno funcionamento, em novembro de 2020.

De acordo com uma pesquisa publicada pelo Google em julho, 93% dos adultos brasileiros já utilizam esse sistema, que responde por mais de um terço das transações eletrônicas no país.

Adeus ao dinheiro?

Além do setor bancário e comercial, a Costa Rica também tem expandido o uso de pagamentos digitais no transporte público.

O Sistema Nacional de Pagamento Eletrônico de Transporte Público (SINPE-TP), que o Banco Central (BCCR) lançou em setembro de 2021, já está em operação em mais de 1.600 ônibus e trens do Instituto Ferroviário da Costa Rica (Infofer) na Grande Área Metropolitana, que abrange as quatro maiores cidades do país: San José, Alajuela, Cartago e Heredia.

Até o final de 2025, espera-se que mais de 2.000 unidades estejam habilitadas para aceitar pagamentos com cartões bancários, telefones celulares ou dispositivos sem contato.

A expectativa institucional é que o sistema atinja mais de 200.000 transações por dia nos próximos meses, em comparação com as atuais 125.000.

Embora o sistema tenha sido bem recebido por muitos usuários, ele não está isento de críticas e desafios. “Não preciso andar com dinheiro e, às vezes, não tenho nenhum. Esse método de pagamento me dá mais segurança e, é claro, ainda mais para os motoristas, para evitar roubos”, disse Sylvia Gómez, moradora de San José.

Outros, no entanto, acreditam que ainda há espaço para melhorias. “Deveria ser como um ‘passe rápido’ que pode ser recarregado e usado em todos os transportes públicos”, disse Manuel Vargas, de Cartago.

Além do progresso tecnológico, há também movimentos em nível legislativo para acelerar a mudança para o transporte público sem dinheiro.

Em julho de 2025, a Comissão Econômica da Assembleia Legislativa deliberou a favor do projeto de lei 24.580, que propõe a eliminação do uso de cédulas e moedas em ônibus regulares. O texto reformaria a lei do Banco Central para exigir pagamentos eletrônicos, exceto em casos de emergência ou falha técnica.

Enquanto isso, a mudança para pagamentos sem dinheiro também se reflete no comportamento do usuário.

De acordo com a Central, os saques em caixas eletrônicos caíram de 170 milhões em 2019 para 90 milhões em 2024, um declínio atribuído, em parte, ao aumento do sistema SINPE Mobile e à aceleração da bancarização durante e após a pandemia.