Bloomberg Línea — A Visa anunciou nesta segunda-feira (15) três mudanças na estrutura de liderança para América Latina e Caribe.
Nuno Lopes Alves, que comanda a operação no Brasil desde meados de 2021, assumirá como presidente regional, enquanto Eduardo Coello torna-se chairman para a região, e Rodrigo Cury é promovido a vice-presidente sênior e diretor geral para o Brasil.
As transições ocorrem em 1º de outubro, em momento de transformação no setor de pagamentos da região, em que métodos tradicionais passam a coexistir cada vez mais com soluções digitais emergentes.
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Nuno Lopes Alves substituirá Eduardo Coello na presidência regional, com 25 anos de experiência nos setores bancário, de pagamentos e consultoria.
A trajetória do executivo nascido no Brasil e criado em Portugal na Visa começou em 2017, quando ingressou para liderar o desenvolvimento de negócios no principal e maior mercado da América Latina.
Em sua atuação como diretor geral da Visa para o Brasil, Nuno tem enfrentado um período de mudanças estruturais no mercado de pagamentos brasileiro.
O país vivenciou a implementação e a rápida popularização do Pix, sistema de pagamentos instantâneos desenvolvido pelo Banco Central, que alterou comportamentos de consumo, reduziu o custo de transações financeiras e forçou empresas tradicionais do setor a repensar estratégias.
Eduardo Coello permanecerá na organização como chairman (presidente do conselho), função que concentra relacionamento com autoridades governamentais e líderes setoriais.
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A criação dessa posição sinaliza, segundo a empresa, um reconhecimento da importância das relações institucionais em mercados em que regulamentação e políticas públicas influenciam diretamente o setor de pagamentos.
A promoção de Rodrigo Cury a diretor geral para o Brasil, por sua vez, representa uma continuidade na liderança local.
Com mais de 25 anos de experiência em bancos e pagamentos, Cury começou na Visa em 2024, na liderança do desenvolvimento de negócios com grupos privados.
Anteriormente, Cury liderou a área de banking da Stone e comandou o banco digital voltado para o varejo do BTG Pactual - ele esteve à frente do processo de construção da operação, inicialmente chamada de BTG+ quando lançado em 2020.
“Agradecemos ao Eduardo por tudo o que fez para expandir nosso negócio durante sua extraordinária carreira de mais de 25 anos na Visa e esperamos pelo seu impacto contínuo em sua nova função como chairman”, disse Oliver Jenkyn, Presidente de Grupo e Mercados Globais da Visa, em nota.
Desafios do setor
O mercado brasileiro de cartões enfrenta pressão crescente de novos meios de pagamento.
Empresas incumbentes como a Visa têm o desafio equilibrar inovação tecnológica com manutenção de parcerias estabelecidas com instituições financeiras tradicionais, segundo analistas do setor.
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O Pix processou mais de 63,8 bilhões de transações em 2024, o que representa uma mudança significativa nos hábitos de pagamento da população e cria desafios para empresas tradicionais do setor.
Diante desse cenário, a empresa anunciou ao mercado em junho a Visa Conecta, uma operação criada para se tornar um hub de negócios para além da unidade de cartões e constituída sob o arcabouço da holding Visa Inc.
O primeiro produto da nova operação conecta Pix e Open Finance, com a iniciação de pagamento sem direcionamento para compras em e-commerces. As transações por Pix nas plataformas online representam mais de 35%.
O serviço permite que o usuário habilite a credencial do Pix apenas uma vez no sistema de determinado e-commerce e possa fazer as compras seguintes com apenas um clique.
A jornada atual, por vezes, ainda envolve diversos passos, o que inclui a necessidade de copiar códigos, processos que geram fricção e eventuais abandonos de carrinhos.
“Quando olhamos para todo esse contexto e pensando na estratégia da Visa como um todo, que não é uma empresa de cartões, mas sim uma focada em movimentação financeira, tomamos uma decisão extremamente relevante, que é criar uma nova empresa aqui no Brasil”, disse Leonardo Enrique Silva, diretor executivo da Visa Conecta - antes na Visa do Brasil -, na ocasião do lançamento.
A concorrência no setor de pagamentos latino-americano, por sua vez, intensificou-se com a entrada de fintechs e soluções digitais locais.
O Pix brasileiro tornou-se referência para outros países da região que consideram implementar sistemas similares.
México e Argentina avaliam soluções de pagamentos instantâneos, o que pode alterar a dinâmica competitiva em mercados onde cartões tradicionalmente dominam transações eletrônicas.
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