Bloomberg — As gestoras de fundos multimercado estão com apostas na queda das taxas de juros no mercado doméstico, conforme a inflação dá sinais de alívio e começa a sentir os efeitos da Selic perto da máxima em quase duas décadas.
A Kapitalo Investimentos, uma das maiores gestoras de fundos multimercado do país, com R$ 22,5 bilhões em ativos sob gestão, afirmou ter aumentado as apostas em juros mais baixos no Brasil, enquanto a Vinland Capital está com a mesma aposta em juros futuros de curto prazo - que captam melhor o cenário de precificação para a política monetária.
“O mercado acredita que essa dinâmica melhor da inflação pode levar o BC a cortar mais cedo”, disse Mauricio Ferraz, gestor de renda fixa da Kínitro Capital.
Ele considera que a visão positiva do mercado sobre a dinâmica de inflação está associada a uma melhora concentrada em bens industriais e alimentos.
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Depois que a inflação de julho ficou abaixo de todas as estimativas, os operadores do mercado passaram a atribuir chances maiores de que o Banco Central inicie um ciclo de corte da Selic já em dezembro - embora os contratos ainda apontem maior probabilidade de que a taxa básica comece a ser cortada em janeiro, de acordo com a precificação extraída da curva de juros.
O IPCA mostrou desaceleração da média dos cinco núcleos — medidas de inflação que excluem itens voláteis como alimentos e energia — acompanhados pelo BC em julho.
A média recuou para 0,27% no mês pasado, ante 0,29% em junho, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
A categoria de multimercados está performando melhor que o CDI no acumulado do ano, com um ganho de 8,8%, contra 8,2% da taxa overnight.
“Muitos olharam para as tarifas do Trump, na direção dos Estados Unidos, a trajetória de juros no Brasil e a resposta na curva com relação aos indicadores micro de inflação, de housing e de payroll nos Estados Unidos — e acertaram os calls”, disse Fabiano Cintra, responsável pela análise de fundos da XP, sobre o desempenho dos fundos.
De acordo com a equipe de macroestratégia da XP, o posicionamento dos fundos macro no chamado “kit Brasil” — ou seja, apostas otimistas nos ativos locais, com alta da bolsa, queda dos juros e do dólar — está cerca de um desvio-padrão acima da média histórica.
Veja os que as gestores de multimercado disseram nas cartas mensais mais recentes:
Absolute Investimentos
Absolute aumentou a aposta que ganha com a queda dos juros americanos. Posições que ganham com a queda do dólar seguem como a principal alocação do fundo.
- Absolute Vertex FIC -1,7% em julho
Ace Capital
Ace detém posição que ganha com a alta do real e queda em juros nominais, enquanto mantém uma posição neutra no mercado acionário brasileiro.
- Ace Capital FIC FIM +0,6%
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Adam Capital
Fundo está comprado - posição que se beneficia da alta - em dólar frente a uma cesta de moedas, enquanto montou uma posição vendida - que ganha com a queda - do Ibovespa, por entender que o índice tende a ser o mais penalizado diante da imposição da tarifa de 50% dos EUA.
- Adam Macro II FIC +3,6%
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Bahia Asset Management
Fundo mantém posições que lucram com a queda das taxas nominais e com a queda do dólar americano.
- Bahia AM Marau FIC +0,1%
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Genoa Capital
Genoa vê uma moderação no crescimento da economia, mas insuficiente para o Banco Central atenuar o tom de sua comunicação.
- Genoa Capital Radar FIC FIM -0,35%
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Ibiuna Investimentos
Ibiuna detém uma exposição ao dólar fraco principalmente via Euro e reduziu exposição tática a índices futuros de ações nos EUA e no Brasil, sem fornecer detalhes.
- Ibiuna Hedge STH FIC -1,4%
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Kapitalo Investimentos
Kapitalo disse que aumentou posição vendida no real e posição comprada no peso mexicano e na rúpia indiana.
- Kapitalo Kappa FIN +0,6%
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Legacy Capital
Legacy mantém posição aplicada em juros reais e nominais, enquanto permanece com posições compradas em ações de tecnologia nos Estados Unidos contra índices mais amplos.
- Legacy Capital FIC +0,2%
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Verde Asset
Fundo aumentou alocação comprada em bolsa brasileira, detém posição comprada em moedas como euro e real.
- Verde FIC FIM +0,2%
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Vinland Capital
Fundo está vendido em volatilidade de dólar contra o real e o rand sul-africano.
- Vinland Macro Plus FIC FIM -0,4%
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