Bloomberg — A Tesla aprovou uma concessão provisória de ações no valor de cerca de US$ 30 bilhões para o CEO Elon Musk, um pagamento expressivo destinado a manter a atenção do bilionário na montadora enquanto se arrasta uma disputa judicial sobre um pacote de remuneração de 2018.
O novo acordo inclui 96 milhões de ações da montadora que serão adquiridas se Musk continuar no cargo mais alto da Tesla por mais dois anos, disse a empresa em um comunicado ao mercado nesta segunda-feira (4).
As ações restritas têm um preço de exercício de US$ 23,34, o mesmo do plano de remuneração anterior.
As ações da Tesla (TSLA) caíram 25% este ano até o fechamento de sexta-feira, em comparação com uma alta de 6% do S&P 500.
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A medida ressalta o controle de Musk sobre a empresa, mesmo enquanto ele enfrenta dificuldades diante da queda nas vendas de veículos elétricos e da desvalorização do preço da ação.
A pessoa mais rica do mundo afirmou que quer uma participação maior na Tesla, enquanto a reorienta para objetivos futuristas, que incluem inteligência artificial e veículos autônomos.
O conselho de administração enfatizou a importância de manter Musk, e disse em uma carta aos acionistas, divulgada nesta segunda-feira, que o prêmio foi um primeiro passo de um pagamento “de boa-fé”.
“Afinal, ‘acordo é acordo’.” A empresa afirmou ainda que desenvolve uma estratégia de remuneração de longo prazo para CEOs, que será submetida à votação na reunião anual da fabricante de veículos elétricos em 6 de novembro.
A decisão foi inicialmente bem-recebida por alguns investidores e analistas. Ela “remove uma pressão sobre a ação “ e provavelmente garante que Musk permaneça como CEO por vários anos, disse em uma nota o analista da Wedbush, Dan Ives.
“Musk continua sendo o grande ativo da Tesla e essa questão da compensação tem sido uma preocupação constante dos acionistas.”
O valor do novo prêmio, com base no último preço de negociação, não leva em conta que Musk precisa pagar US$ 23,34 por ação, ou US$ 2,24 bilhões no total, para recebê-lo.
O preço de compra por ação — semelhante ao preço de exercício de uma opção de compra de ações — remonta à época em que as empresas distribuíam opções aos executivos, mas definiam a data de concessão retroativa, quando o preço das ações era menor.
Isso significava que os papéis podiam gerar lucro se exercidos. A prática de retroação não é ilegal, mas se tornou muito menos comum depois de ter sido destaque em vários escândalos corporativos nos anos 2000.
Prêmio ambicioso
Os investidores da Tesla votaram em 2018 para conceder a Musk um pacote “ambicioso” de opções de ações que eram liberadas mediante o cumprimento de determinadas metas.
O acordo sem precedentes valia inicialmente US$ 2,6 bilhões e atingiu US$ 56 bilhões quando um tribunal de Delaware o bloqueou no início de 2024.
Diante dos altos e baixos da empresa, o pacote chegou a ser avaliado em mais de US$ 100 bilhões, de acordo com o índice de bilionários da Bloomberg.
Esse pacote de remuneração foi anulado após uma ação judicial movida por acionistas. A decisão está sendo contestada nos tribunais, mas ainda pode levar meses para ser resolvida.
Musk mudou a sede fiscal da montadora para o Texas no ano passado, e citou a decisão judicial como parte do motivo para deixar Delaware.
Um comitê especial do conselho explorava maneiras de oferecer a Musk um novo acordo de remuneração no Texas, que vai reger este pacote.
O comitê é composto por duas pessoas: o presidente Robyn Denholm e membro do conselho Kathleen Wilson-Thompson.
“Embora reconheçamos que os empreendimentos comerciais, interesses e outras potenciais demandas de tempo e atenção de Elon são amplos e variados, incluindo os cargos de liderança na xAI, SpaceX, Neuralink, X e Boring, além de outras participações, estamos confiantes de que este prêmio incentivará Elon a permanecer na Tesla”, afirmou o conselho na carta.
“Para ser claro, perder Elon não significaria apenas a perda de seus talentos, mas também a perda de um líder que é um ímã para contratar e reter talentos na Tesla.”
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