CEO da Alphabet entra para o ‘clube dos bilionários’ com a alta das ações da big tech

Sundar Pichai é um dos poucos executivos não-fundadores que conseguiram acumular uma fortuna de mais de um bilhão de dólares; fã de críquete e nascido na Índia, em uma família de classe média, ele se mudou para os EUA após ganhar uma bolsa de estudos nos anos 1990

Sundar Pichai
Por Dylan Sloan
24 de Julho, 2025 | 03:44 PM

Bloomberg — Os lucros da Alphabet, que superaram as expectativas na quarta-feira (23), se tornaram mais um marco na trajetória da empresa desde o início de 2023, período em que a companhia adicionou mais de US$ 1 trilhão em valor de mercado e proporcionou cerca de 120% de retorno aos investidores. Essa alta também transformou seu CEO, Sundar Pichai, em bilionário.

Com as ações da Alphabet (GOOG) se aproximando de seu recorde histórico, Pichai, de 53 anos, agora possui um patrimônio de US$ 1,1 bilhão, segundo o Índice de Bilionários da Bloomberg.

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Trata-se de um feito raro para um CEO que não é fundador da empresa, especialmente no setor de tecnologia, onde muitos executivos de alto escalão — incluindo Mark Zuckerberg, da Meta Platforms, e Jensen Huang, da Nvidia — devem suas fortunas às participações acionárias como fundadores de suas empresas.

Leia também: Como o CEO da Nvidia se tornou o elo improvável de EUA e China na guerra comercial

Embora não estivesse presente na criação da empresa em 1998, Pichai se tornou neste mês o CEO com mais tempo de serviço na companhia. Em agosto, ele completará 10 anos no cargo.

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Um porta-voz da empresa, sediada em Mountain View, Califórnia, recusou-se a comentar sobre o patrimônio líquido de Pichai.

Origens modestas

Nascido em uma família de classe média, Pichai cresceu em um apartamento de dois cômodos no estado de Tamil Nadu, no sul da Índia. A família não possuía carro e só conseguiu seu primeiro telefone quando ele tinha 12 anos.

Quando Pichai ganhou uma bolsa de estudos para a Universidade de Stanford em 1993, sua família gastou mais do que o salário anual do pai — US$ 1.000 — para comprar uma passagem aérea para a Califórnia.

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Após ser contratado em 2004 pelo Google — como a empresa era então conhecida —, Pichai passou mais de uma década ascendendo na hierarquia corporativa, ajudou a desenvolver o navegador Chrome e liderou a divisão Android antes de ser escolhido como CEO em 2015.

Foi no mesmo ano que o Google se reestruturou para se tornar uma subsidiária da empresa-mãe Alphabet e passou a dar maior ênfase a componentes de seu negócio além das buscas. Pichai também foi nomeado CEO da Alphabet em 2019.

“Uma das primeiras coisas que fiz como CEO foi direcionar a empresa para o foco em IA”, disse Pichai à Bloomberg News em uma entrevista em outubro.

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O Google fez seu primeiro grande investimento em inteligência artificial em 2014 com a compra de US$ 400 milhões da startup londrina DeepMind.

Alphabet's Stock Price Since Pichai Became CEO

Pichai continuou a aumentar significativamente o capex (gastos de capital), investindo cerca de US$ 50 bilhões apenas no ano passado em iniciativas específicas de IA, incluindo capacidade energética, semicondutores e projetos de data centers.

A empresa também continuou sua expansão por meio de aquisições, pagando US$ 2,4 bilhões pela equipe e direitos de licenciamento da startup de programação Windsurf no início deste mês.

As ações da Alphabet subiram até 4,1% na quinta-feira (24) após a empresa reportar vendas trimestrais e lucros que superaram as estimativas dos analistas.

A Alphabet também elevou sua estimativa de capex para 2025 em US$ 10 bilhões, para US$ 85 bilhões, e reportou um salto de 16% nos gastos com pesquisa e desenvolvimento.

“Nossos investimentos em infraestrutura de IA são cruciais para atender ao crescimento da demanda dos clientes de nuvem”, disse Pichai na quarta-feira em uma teleconferência com analistas após a empresa divulgar seus resultados do segundo trimestre.

Vendas de ações

Pichai detém uma participação econômica de 0,02% na empresa, avaliada em cerca de US$ 440 milhões, deixando a maior parte de sua fortuna em dinheiro. Ele vendeu mais de US$ 650 milhões em ações da Alphabet na última década.

Essas vendas lhe custaram mais de US$ 1 bilhão em ganhos potenciais. Se tivesse mantido todas as suas ações, sua participação valeria mais de US$ 2,5 bilhões aos preços atuais, segundo o índice de riqueza da Bloomberg.

Embora seja relativamente incomum para um CEO não-fundador atingir um patrimônio líquido de um bilhão de dólares, Pichai não é o primeiro em sua própria empresa a conseguir isso.

Eric Schmidt, de 70 anos, que foi CEO de 2001 a 2011, possui US$ 36,6 bilhões, com a maior parte de sua riqueza ainda mantida em ações da Alphabet, segundo o índice de riqueza da Bloomberg.

Schmidt supervisionou a oferta pública inicial (IPO) da empresa em 2004 e o lançamento de produtos como YouTube e Google Maps.

Os cofundadores da empresa são significativamente mais ricos. Larry Page, de 52 anos, e Sergey Brin, de 51, possuem patrimônios líquidos de US$ 171,2 bilhões e US$ 160,4 bilhões, respectivamente, colocando-os entre as sete pessoas mais ricas do mundo.

Um lugar onde Pichai aplica seu dinheiro é no críquete profissional. Pichai, fã da modalidade, ele faz parte de um consórcio de executivos de tecnologia que pagou US$ 182 milhões este ano por uma participação de 49% no London Spirit, uma franquia de quatro anos que compete na The Hundred, uma liga britânica de críquete em fase inicial.

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