Com impulso macro, Empiricus antevê novo ciclo para bolsa e rali de small caps

Em entrevista à Bloomberg Línea, Felipe Miranda, estrategista-chefe da casa de análise, avalia oportunidade para o que chama de vantagem estrutural na cobertura de small e mid-caps e revela: ‘já estamos 15% à frente da nossa meta para o ano’

B3
28 de Maio, 2025 | 05:32 AM

Bloomberg Línea — Felipe Miranda, co-fundador e estrategista-chefe da Empiricus, define o ano de 2025 como “fantástico” para a casa de análise. “Crescemos 50% em receita frente ao ano passado e já estamos 15% à frente da nossa meta para o ano”, afirmou em entrevista à Bloomberg Línea.

O resultado acompanha o início de uma nova tendência para a renda variável, área considerada uma fortaleza histórica da Empiricus.

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Na virada do ano, temas como a possibilidade de dominância fiscal tomava a atenção de investidores, que reagiam com pessimismo e levaram o principal índice da B3 a uma queda de 10,6% no acumulado de 2024. Neste ano, a situação se inverteu e o Ibovespa já avança perto de 16%, com recorde nominal do benchmark.

“No final do ano passado, falar de ações era algo excêntrico. Defender o investimento em renda variável no Brasil era caso de manicômio. O papo agora já é outro”, disse Miranda. “Enfrentamos esse período e estamos mais fortes.”

Em 16 anos de atuação, a Empiricus expandiu sua cobertura para além do mercado acionário, incluindo criptoativos, fundos de investimento e renda fixa no radar. Ainda assim, a expectativa é que o novo patamar do Ibovespa reacenda o interesse do investidor de varejo pelo core business da casa de análise.

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Fundada em 2009, a Empiricus foi adquirida em 2021 pelo BTG Pactual. Desde então, a casa de análise passou por reformulação de seus quadros, com medidas como o fechamento da corretora em 2023, um reflexo de sinergias.

A Empiricus conta atualmente com 325 mil assinantes e sob seu guarda-chuva - e a de Miranda - passou a ficar toda a área de research do BTG Digital, voltada para o investidor de varejo.

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O executivo e estrategista disse que o retorno dos investidores ainda está em estágio inicial, mas projeta uma nova onda de avanço para as ações – e para a atratividade do negócio – ancorada no esperado impulso macroeconômico.

O crescimento seria turbinado por três frentes: redução do chamado excepcionalismo americano, fim do ciclo de alta de juros no Brasil e possibilidade de alternância política com as eleições presidenciais de 2026.

Do exterior, os ventos acompanham a saída de recursos dos Estados Unidos.

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A política tarifária do presidente Donald Trump abalou a confiança de investidores no chamado excepcionalismo americano, o que, na renda variável, se reflete em prêmio aos ativos dos EUA.

O dólar e as bolsas americanas têm cedido parte do protagonismo, algo que, por sua vez, resulta em aumento do fluxo de capital para mercados alternativos como os emergentes.

“Estamos vendo a inversão de um ciclo muito longo, que achava-se que duraria para sempre. É uma narrativa que favorece a América Latina e o Brasil. Não à toa, o real é a quarta moeda que mais sobe contra o dólar no ano”, disse Miranda.

Felipe Miranda, co-fundador e estrategista-chefe da Empiricus

Outro fator que deve beneficiar as ações brasileiras é o fim do ciclo de alta de juros. A Selic está em 14,75% ao ano, maior patamar em quase duas décadas, mas boa parte do mercado aposta que as altas devem chegar ao fim em breve.

“Não importa se o ciclo de queda vai começar no final deste ano ou no início do ano que vem, porque o mercado já começa a antecipar esse movimento”, disse.

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De olhos no futuro, muitos investidores também projetam um cenário de alternância de poder com a eleição presidencial de 2026, que poderia colocar no comando do país um governo com agenda de controle fiscal e menor peso do estado na economia.

Na avaliação do estrategista da Empiricus, a combinação dos dois últimos fatores seria importante especialmente para retomar o fluxo de capital para os fundos multimercados locais, algo que, por sua vez, seria fator essencial de recuperação para as small caps.

“O gringo não compra small caps no Brasil porque não conhece, não tem cobertura do sell side. É o fluxo local, dos fundos locais, que vai fazer essa ação andar. Pode disparar, inclusive, um rali nas small caps”, defendeu.

As small caps são consideradas um diferencial de cobertura da Empiricus, já que muitas das ações cobertas pela casa de análise estão fora do radar das equipes de equity research dos grandes bancos.

“A cobertura de small e mid-caps no Brasil é nossa vantagem estrutural. Existem 30 analistas no mercado cobrindo Itaú no sell side, mas, Eucatex, apenas nós cobrimos, por exemplo”.

Miranda defendeu a visão de que o mercado subestima o potencial do próximo ciclo de alta para small caps, com grande parte das recomendações ainda tímida em trocar ações consideradas mais seguras, como utilities ou bancos, para investir em varejo, por exemplo.

Apostar em papéis de menor liquidez seria um passo ainda mais arriscado. “Quero antecipar essa tendência”, disse.

A Eucatex é uma das recomendações da Empiricus para small caps, bem como Priner, BRBI e Alpargatas. Para além das pequenas e médias, a carteira total é balanceada com ações de menor risco, como BTG Pactual, Eneva e Equatorial.

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Beatriz Quesada

Jornalista especializada na cobertura econômica. Formada pela USP, escreve sobre mercados, negócios e setor imobiliário. Tem passagens por Exame, Capital Aberto e BandNews FM.