Adeus, home office? Bancos como Citi e HSBC exigem presença 5 vezes por semana

Normas de trabalho presencial integral avançam nos EUA em meio a mudanças regulatórias em Wall Street, que visam maior vigilância do setor que trabalha com dados confidenciais

Tensão entre bancos e agência reguladora decorre das exigências tradicionais de monitoramento de equipe que trata dados confidenciais
Por Todd Gillespie - Gillian Tan
24 de Maio, 2024 | 08:55 AM

Bloomberg — O Citigroup, o HSBC e o Barclays estão exigindo que mais funcionários trabalhem nos escritórios cinco dias por semana, uma vez que novas mudanças regulatórias tornam mais difícil para Wall Street permitir o trabalho remoto.

O Citigroup (C) passou a exigir que cerca de 600 funcionários dos Estados Unidos, anteriormente qualificados para trabalhar remotamente, se desloquem para os escritórios da empresa em tempo integral, informou a companhia sediada em Nova York em um comunicado na quinta-feira (23).

Mesmo assim, a maioria dos funcionários pode continuar com suas programações híbridas, com trabalho até dois dias por semana fora do escritório, disse a empresa.

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No HSBC, as mudanças nas regulamentações afetam cerca de 530 funcionários em Nova York - aproximadamente metade de sua força de trabalho na cidade -, e o banco tem conversado com eles sobre suas opções, disse Mabel Rius, chefe de recursos humanos para os EUA e Américas, em uma entrevista à Bloomberg News.

A empresa tenta permitir que o maior número possível de pessoas mantenha a opção de se conectar de casa, se assim o desejarem, disse Rius. O chefe regional do HSBC disse que pode evitar um mandato geral de cinco dias para todos os funcionários.

O Barclays exigirá que milhares de funcionários de investment banking no mundo todo passem cinco dias por semana no escritório ou viajando para ver os clientes, a partir de 1º de junho, disse o banco na quinta-feira em um memorando.

A decisão – depois que a Bloomberg News informou que o Barclays avalia a obrigatoriedade de cinco dias no escritório para mais funcionários dos EUA – coincide com as “novas políticas regulatórias”, disse o banco.

“Estar juntos no escritório impulsiona a inovação, a colaboração e uma cultura mais forte”, escreveram Cathal Deasy e Taylor Wright, codiretores globais de investment banking da empresa.

“Continuamos comprometidos com o trabalho flexível e reconhecemos que haverá momentos em que o funcionário precisará trabalhar de casa”, disseram eles, acrescentando que os líderes das áreas têm autonomia para permitir o trabalho flexível ocasional, quando necessário.

Mudanças regulatórias

Os bancos são conhecidos por estarem entre os mais flexíveis de Wall Street, ao permitir que os funcionários continuem a trabalhar remotamente após a pandemia.

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As mudanças ocorrem no momento em que a Autoridade Reguladora do Setor Financeiro (Finra, na sigla em inglês) – o principal órgão de fiscalização do setor de corretagem dos EUA – deverá restabelecer as regras pré-pandêmicas para monitorar os locais de trabalho nas próximas semanas.

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Empresas como o Deutsche Bank estudam o ônus à medida que avaliam mudanças em suas próprias políticas.

Com alguns bancos culpando as regras da Finra por exigências de retorno ao escritório, os reguladores reagiram, dizendo que, no mínimo, estão tentando permitir maior flexibilidade - e não menos.

A tensão decorre das exigências dos EUA de que os bancos monitorem a equipe e facilitem inspeções periódicas no local de trabalho.

Quando a covid-19 eclodiu, os reguladores inicialmente flexibilizaram algumas de suas regras para garantir que as pessoas pudessem trabalhar de casa. Algumas dessas acomodações estão agora prestes a se extinguir.

Embora a Finra afirme que as mudanças não exigem que as empresas chamem funcionários para os escritórios cinco dias por semana, ela reconheceu que a conformidade exige trabalho.

Alguns home offices terão de ser listados junto aos órgãos reguladores como os chamados “locais de supervisão residencial”.

Um programa piloto para esses locais estabelece um sistema para inspecioná-los remotamente pelo menos a cada três anos, a partir de julho.

Alguns executivos, inclusive, disseram que manter-se em dia com as exigências pode representar um preço alto para preservar a capacidade de um funcionário de se conectar no conforto de casa.

No final, as empresas podem chegar a conclusões diferentes. Outros bancos estão avaliando a obrigatoriedade de cinco dias de trabalho para alguns funcionários, disseram pessoas com conhecimento do assunto à Bloomberg News no início desta semana.

No Deutsche Bank, os executivos esperam que a empresa possa manter a conformidade com um impacto limitado em seus protocolos, de acordo com uma pessoa próxima ao assunto.

No mês passado, o Truist Financial disse aos funcionários do banco de investimentos que eles deveriam trabalhar no escritório todos os dias da semana a partir de 1º de junho.

Alguns dos maiores bancos de Wall Street - como o Bank of America, o JPMorgan e o Goldman Sachs - já adotaram o deslocamento de cinco dias para o escritório em muitas de suas mesas, pelo menos na prática, se não como regra.

No entanto, algumas franquias menores têm elogiado a flexibilidade, o que pode lhes dar uma vantagem no recrutamento e na retenção de talentos.

-- Com a colaboração de Ambereen Choudhury.

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