JPMorgan planeja ampliar equipe na contramão dos demais bancos de Wall St

Maior banco dos Estados Unidos teve ano mais lucrativo da história e prevê demanda forte de seus serviços de M&As e gestão de patrimônio

A sede do JPMorgan em Nova York, nos EUA
Por Nicolas Parasie e Hannah Levitt
17 de Janeiro, 2024 | 12:25 PM
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Bloomberg — O JPMorgan Chase (JPM) planeja aumentar o número de funcionários neste ano, pois o banco enxerga oportunidades em áreas que vão desde operações de fusões e aquisições (M&A) até gestão de patrimônio nos Estados Unidos e serviços bancários de varejo internacional, na contramão da tendência de rivais de Wall Street que eliminaram milhares de empregos nos últimos meses.

Depois de alguns anos mais contidos, o maior banco dos EUA observa “muito crescimento” e “todos os componentes apontam para um ano forte”, afirmou o presidente Daniel Pinto em entrevista à Bloomberg Television nesta quarta-feira (17), durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.

O banco também enxerga oportunidades de crescimento para sua divisão de pagamentos. O JPMorgan “tem os retornos e o poder de fogo para continuar investindo ao longo dos ciclos, e isso é o que realmente nos permite continuar, independentemente do ambiente econômico, continuando a crescer”, disse ele. “Quando olho para nossos planos, vamos aumentar nosso quadro de funcionários este ano, com certeza.”

O banco atualmente tem mais de 300.000 funcionários, e “o número de pessoas que empregamos tem crescido, e não diminuído”, disse Pinto.

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As declarações de Pinto ocorrem após o JPMorgan encerrar o ano mais lucrativo da história bancária dos EUA e prever que a bonança pode continuar neste ano.

Durante as recentes teleconferências de resultados financeiros, muitos executivos de Wall Street disseram esperar um aumento nas operações de fusões e aquisições após um período prolongado de baixa que levou a receita de banco de investimento no ano passado ao nível mais baixo em mais de uma década.

Ainda assim, os planos de contratação do JPMorgan contrastam com muitos de seus maiores concorrentes. O Citigroup (C) anunciou na semana passada que vai cortar 20.000 empregos para economizar até US$ 2,5 bilhões como parte do esforço da CEO Jane Fraser por impulsionar os lucros, que caíram recentemente.

O Morgan Stanley (MS) teve que provisionar US$ 353 milhões em custos de demissão no ano passado, enquanto o Goldman Sachs (GS) disse que o número de funcionários diminuiu 7% durante 2023, refletindo uma “iniciativa de redução de quadro” em toda a empresa.

Excesso de otimismo

Separadamente, Pinto se juntou a outros executivos de Wall Street ao prever que as expectativas dos investidores por uma série de cortes nas taxas de juros este ano podem se mostrar excessivamente otimistas.

“O mercado estava precificando até ontem seis cortes, o que é um cenário muito improvável”, disse ele. “Se você se coloca no lugar do Fed, se esse for o cenário e a taxa de desemprego está tão baixa e a economia está indo bem, por que você iria se apressar?”

Pinto disse que espera que o Fed corte as taxas se “tudo continuar nesse sentido”, mas afirmou que qualquer mudança provavelmente ocorrerá mais tarde no ano. Ele também alertou que muitos investidores podem não ter precificado o risco geopolítico, que ele chamou de “substancial”.

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“A situação geopolítica está entre o estável a deterioração: coisas terríveis ocorrem em Rússia, Ucrânia, Oriente Médio, há a tensão entre China e EUA, e os ciclos eleitorais”, disse ele. “Existem questões que certamente não foram precificadas no mercado, e é hora de ser cauteloso com esse tipo de otimismo.”

Pinto é presidente do JPMorgan há dois anos. Os chefes de linhas de negócios reportam-se a ele e ao CEO Jamie Dimon. Ele ascendeu no enorme negócio de trading do banco para supervisionar a área de corporate e investment banking, papel que ele ainda desempenha hoje, além de ocupar o cargo de presidente.

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