Toro, do Santander, encerra serviço da antiga Monetus dois anos e meio após aquisição

Fintech de investimentos foi comprada pela corretora em 2021 junto da Mobills; decisão ocorre após fase de consolidação no mercado e migração de investidores para a renda fixa

Vista de prédios na região da Faria Lima: mercado de corretoras e gestoras em rearranjo
23 de Novembro, 2023 | 11:24 AM

Bloomberg Línea — A corretora Toro, adquirida pelo Santander (SANB11) em 2021, decidiu encerrar a plataforma da antiga fintech Monetus, hoje chamada de Mobills Investimentos, cerca de dois anos e meio depois da aquisição da empresa.

A Monetus, de Minas Gerais, foi comprada pela Toro em junho de 2021, junto com outra fintech de investimentos, a Mobills, do Ceará.

Na época, a Toro informou que as duas tinham juntas 10 milhões de usuários. O serviço da Monetus mudou de nome para Mobills Investimentos após a aquisição.

A plataforma Mobills by Toro, que hoje oferece um serviço de controle de gastos aos clientes, continua a operar com o mesmo nome.

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O objetivo da Toro é incorporar o serviço da Mobills Investimentos (ex-Monetus) em uma plataforma única, segundo André Barbosa, sócio-diretor da corretora, em entrevista à Bloomberg Línea.

O executivo disse que os serviços foram mantidos em operação separadamente no início porque, até então, não se havia a visibilidade da diferença entre os consumidores das plataformas da Toro e da antiga Monetus.

“Na prática, vimos que são públicos parecidos. Havia uma sinergia maior em atuar em conjunto”, afirmou. “Não fazia sentido ter duas plataformas de investimentos dentro da Toro.”

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A empresa não informou o número de clientes afetados nem o volume de ativos sob gestão.

A gestão da carteira de investimentos pela Mobills será encerrada em 11 de dezembro e os serviços do aplicativo serão incorporados à plataforma da Toro. A partir de 6 de dezembro já não será mais possível realizar novos investimentos pelo aplicativo da Mobills, segundo comunicado enviado a clientes.

Investidores que não desejarem continuar com a Toro têm a opção de solicitar o resgate dos investimentos até o dia 29 de novembro, segundo a empresa. Caso não o façam, os investimentos serão migrados automaticamente para a Toro.

O mercado de corretoras e fintechs independentes passou nos últimos anos por um período de consolidação depois de uma fase de rápida expansão que levou ao surgimento de diversas empresas do ramo no Brasil, entre elas, a própria Toro, fundada por Gabriel Kallas em 2010.

Em 2021, o anúncio da aquisição das fintechs Mobills e Monetus foi feito pouco depois de o Santander Brasil informar a aquisição da totalidade do capital da Toro. Até então o banco de origem espanhola detinha 62,5%.

Migração para renda fixa

A decisão da Toro de encerrar o serviço ocorre após um período de migração de investidores para a renda fixa, atraídos pelas altas taxas de juros.

Segundo a Anbima, os fundos de investimento tiveram resgates de R$ 84,6 bilhões em 2023 até setembro. Os fundos multimercado lideram saídas líquidas no ano (R$ 57 bilhões), seguidos dos fundos de ações (R$ 39,5 bilhões), até o terceiro trimestre.

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O fundo de ações da Monetus (Monetus FIA BDR), que ainda era utilizado pelos clientes antigos da plataforma, tinha patrimônio líquido de R$ 56,86 milhões e cerca de 7.300 cotistas, segundo dados da Anbima do último dia 21.

O valor representa uma queda de cerca de 50% em relação ao pico do patrimônio líquido atingido em julho de 2021, de R$ 115,67 milhões.

Outros fundos originários da Monetus incluem um fundo de renda fixa (Monetus High Yield FI Renda Fixa Crédito Privado) com R$ 16,7 milhões de patrimônio líquido e 2.800 cotistas, e um fundo de debêntures (Monetus Debêntures Incentivadas FIC Multimercado Crédito Privado), com R$ 3 milhões e 1.900 cotistas.

-- Atualizada às 13h31 para esclarecer que apenas o serviço da Mobills Investimentos será encerrado.

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Filipe Serrano

É editor da Bloomberg Línea Brasil e jornalista especializado na cobertura de macroeconomia, negócios, internacional e tecnologia. Foi editor de economia no jornal O Estado de S. Paulo, e editor na Exame e na revista INFO, da Editora Abril. Tem pós-graduação em Relações Internacionais pela FGV-SP, e graduação em Jornalismo pela PUC-SP.