Bloomberg Línea — Brasileiros estão cada vez mais preocupados com o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Segundo uma nova pesquisa do PageGroup com 70 mil profissionais no mundo, publicada com exclusividade pela Bloomberg Línea, oito em cada dez trabalhadores do país consideram a saúde mental e o equilíbrio entre rotina pessoal e trabalho como fatores essenciais na cultura das empresas — na América Latina, a média é de 70%.
A pesquisa Global Talent Trends, do grupo britânico, indica que 54% dos brasileiros dizem que estão dispostos a rejeitar uma promoção no trabalho se acreditarem que ela terá um efeito negativo em seu bem-estar, acima da média da América Latina (44%), mas abaixo da média global (59%).
Mas, quanto ao fator mais importante para satisfação profissional, o número de brasileiros que considera como prioridade o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é menor que a média global e a América Latina: 52% dos profissionais brasileiros dizem colocar o equilíbrio como o mais importante para alcançar satisfação. A média global é de 54%, e a da América Latina, de 58%. Ainda assim, nas três esferas, esse fator se tornou prioridade para mais da metade dos profissionais.
“Desde a pandemia vimos um momento de impacto que trouxe muita reflexão na maior parte dos profissionais, principalmente em como eles percebem o trabalho. O que notamos é que esse era um tema que estava adormecido, que era pouco falado nas companhias. Agora, a maioria tem exemplos muito próximos de pessoas que tiveram impacto na saúde mental por conta do trabalho”, afirmou Ricardo Basaglia, CEO do PageGroup no Brasil, em entrevista à Bloomberg Línea.
“É difícil uma empresa hoje não ter o desafio da saúde mental para seus profissionais. Quando você coloca isso em análise, os funcionários começam a pensar no que querem para suas carreiras”, disse o executivo, que lidera a operação no país de uma das principais empresas de recrutamento do mundo.
O estudo também revelou que hoje a demanda por empregos mais flexíveis é quase consensual tanto entre os profissionais que têm filhos quanto para aqueles que não têm.
Entre os brasileiros com filhos, o equilíbrio entre as rotinas é o aspecto mais importante para a satisfação de 54%, enquanto para aqueles sem filhos, o número é pouco abaixo e atinge 51%.
“A necessidade de equilíbrio entre bem-estar e vida profissional tem sido um fator determinante tanto para os candidatos, quando vão escolher um trabalho, como para os colaboradores que já trabalham em uma organização”, desse Basaglia. Ele enfatizou que diferenças geracionais significativas não foram observadas nessa pesquisa.
Mas, ainda que o foco na flexibilidade de jornada e de valorização do equilíbrio com a vida pessoal estejam presentes, o salário continua a pesar na hora de aceitar um trabalho.
De acordo com o estudo da PageGroup, 24% dos participantes brasileiros afirmaram que a remuneração é o principal critério ao escolher uma nova oportunidade de emprego, em linha com a média global e um pouco abaixo da média da América Latina, de 28%.
E, segundo o levantamento, 42% dos brasileiros colocam a remuneração como o segundo aspecto mais importante na satisfação profissional.
Leia também
Trabalhando de casa? Sorria, você pode estar sendo monitorado ao vivo
Estas são as perguntas que os candidatos devem fazer nas entrevistas de emprego
A Geração Z também quer ser CEO. A diferença é o caminho para chegar lá