Assaí: Casino venderá última fatia na empresa em operação de R$ 2 bilhões

Venda de participação de 11,7% na rede atacadista visa reforçar a liquidez do Grupo Casino, amplamente endividado e em crise na França

Unidade do Casino, na França, onde o grupo com participação no Assaí enfrenta dificuldades
22 de Junho, 2023 | 08:55 AM

Bloomberg Línea — O Grupo Casino, gigante francês dono do Pão de Açúcar (PCAR3) no Brasil, anunciou nesta quinta-feira (22) que vai vender sua fatia remanescente de 11,7% no Assaí Atacadista (ASAI3), de forma a reforçar a liquidez da companhia.

A participação corresponde a 157.582.850 ações, segundo o documento, e deverá movimentar cerca de R$ 2 bilhões.

O mercado já vinha especulando a saída do grupo francês da empresa no Brasil, diante de suas dificuldades financeiras. A venda será feita por meio de um processo de block trade executado pela B3 na sexta-feira (23).

As ações ASAI3 caíam 1,72%, a R$ 13,17 às 15h15 (horário de Brasília) na bolsa brasileira.

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Na avaliação da Ativa Investimentos, a operação reforçará o caixa do Casino e trará um momentâneo alívio financeiro.

Já para o Assaí, o time de análise vê a venda como positiva, uma vez que, sem a presença do grupo francês em sua composição acionária, “ganhará maior confiabilidade em sua governança perante o mercado”. Além disso, os analistas veem o controlador brasileiro ganhando maior autonomia para conduzir as operações do Assaí.

Grupo em Crise

Amplamente endividado, o Casino tem tido dificuldades com suas operações na França, onde está queimando dinheiro. No ano passado, a empresa teve uma redução média de 1,23 bilhão de euros, dos 2,1 bilhões disponíveis.

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Em 31 de março, a companhia informou que possuía uma dívida líquida consolidada de 5,1 bilhões de euros.

O Casino e o CEO Jean-Charles Naouri vêm lutando há anos para sanear o balanço patrimonial do grupo, até que recentemente concordaram em entrar em negociações com os credores sob supervisão judicial.

Como a crise do Casino começou?

No final de 2015, quando o Casino ainda tinha uma classificação de crédito de grau de investimento, sua enorme pilha de dívidas já havia colocado a empresa na mira dos vendedores a descoberto, que visavam suas ações.

Desde 2018, a varejista vem se desfazendo de ativos para quitar dívidas e reduzir a alavancagem. Esses esforços não foram suficientes, deixando o grupo supermercadista com mais de 7 bilhões de euros em dívidas.

Enquanto isso, a cascata de empresas por meio das quais Naouri controla o Casino - incluindo a Rallye - entrou em processo de proteção ao credor conhecido como sauvegarde na França em 2019 para reestruturar sua dívida.

A capacidade da Rallye de cumprir seus pagamentos sob o plano sauvegarde quando eles começarem a vencer em 2025 dependerá de receber dividendos do Casino. A Rallye está atualmente em negociações com os credores para revisar esse plano enquanto o Casino negocia sua própria reestruturação.

-- Atualização das cotações às 15h15

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-- Com informações da Bloomberg News

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.