Bloomberg — Um tribunal de Turim aceitou nesta terça-feira (6) um pedido da família Elkann para suspender um processo de herança que opôs o presidente da Stellantis (STLA) e da Ferrari (RACE), John Elkann, contra sua mãe, Margherita Agnelli, e ameaça questionar o controle do império de negócios do clã bilionário italiano.
Margherita Agnelli, de 67 anos, contestou os acordos sobre a herança de seu pai, Gianni Agnelli, o industrial italiano mais proeminente do pós-guerra à frente da Fiat e da Ferrari e que já foi a pessoa mais rica do país, e de sua mãe Marella Agnelli. Suas alegações são baseadas em dúvidas sobre a residência legal de sua mãe no momento de sua morte. Margherita Agnelli é a última filha sobrevivente de Gianni Agnelli.
Margherita Agnelli alegou que os pactos de herança que efetivamente encerraram seus direitos nos negócios da família não eram válidos, uma vez que Marella era residente legal na Itália quando morreu, e não na Suíça, conforme documentos oficiais afirmavam na época.
Marella Agnelli morreu em 2019 aos 91 anos. Se Margherita Agnelli puder estabelecer que a residência formal de sua mãe era a Itália, e não na Suíça, isso poderia alterar as disposições de herança, já que a lei italiana não permite que os direitos de herança sejam renunciados antes da morte de uma pessoa.
O tribunal decidiu nesta terça-feira que o caso deve ser suspenso enquanto se aguarda o processo de julgamentos atualmente em andamento na Suíça, de acordo com uma cópia da decisão vista pela Bloomberg News. Ao mesmo tempo, o tribunal de Turim rejeitou um pedido de Elkann para encerrar totalmente o processo italiano e transferir o caso completo para a Suíça.
Margherita Agnelli já passou mais de uma década contestando o testamento de seu pai, alegando que provisões foram feitas apenas para os três filhos de seu primeiro casamento, John, Lapo e Ginevra Elkann. Margherita tem outros cinco filhos de seu segundo casamento, com o ex-gerente da Fiat Serge de Pahlen.
Um porta-voz de Elkann, o sucessor escolhido a dedo pelo chefe de longa data da Fiat, Gianni Agnelli, se recusou a comentar. Um representante de Margherita Agnelli também se recusou a comentar.
As apostas no caso podem incluir o controle da Dicembre Societa Semplice, o veículo dos irmãos Elkann que está no topo da cadeia de investimentos dos Agnelli. A propriedade em disputa controla o veículo de investimento Giovanni Agnelli BV, que por sua vez fica no topo da Exor, que é listada em bolsa. A participação da Giovanni Agnelli BV na Exor vale cerca de € 10 bilhões (US$ 10,7 bilhões).
A Exor, com sede em Amsterdã, controla a Ferrari e a CNH Industrial e é a maior investidora da Stellantis, um dos maiores grupos automotivos do mundo, que reúne marcas como Fiat, Jeep, Peugeot e Citröen.
Após a morte de seu pai em 2003, Margherita Agnelli vendeu sua participação de 37,5% na Dicembre por cerca de € 105 milhões. Mas, depois que a Fiat foi ressuscitada de uma grave crise pelo então CEO Sergio Marchionne, ela tentou anular o acordo.
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