SoftBank está pronto para investir em IA: ‘minha vez chegou’, diz Son

Fundador do maior investidor de techs do mundo está entusiasmado com IA generativa, segundo CFO Yoshimitsu Goto, que sugere abordagem mais ativa após ano difícil

Masayoshi Son, fundador e CEO do SoftBank: entusiasmo com inovação e oportunidades geradas pela IA generativa, como a do ChatGPT
Por Min Jeong Lee - Takahiko Hyuga
11 de Maio, 2023 | 09:51 AM

Bloomberg — O SoftBank Group voltou a perder dinheiro neste início de ano com o Vision Fund apesar da recuperação recente de ações de tecnologia. O grupo japonês teve perdas com startups de seu portfólio que não estão listadas em bolsa. Mas o tom adotado para as perspectivas mudou, o que sugere que o maior investidor em empresas techs do mundo está pronto para retomar o seu apetite. E há uma preferência no radar de Masayoshi Son, o seu fundador e CEO: Inteligência Artificial (IA) generativa.

O Vision Fund perdeu 297,5 bilhões de ienes (cerca de US$2 bilhões) no primeiro trimestre, ante uma perda de 2,2 trilhões de ienes observada um ano antes, segundo resultado divulgado nesta quinta (11).

Lançado por Masayoshi Son em 2017, o Vision Fun já acumula perda recorde de 4,3 trilhões de ienes no ano fiscal completo, acima do prejuízo do ano anterior, de 2,6 trilhões de ienes.

Embora o SoftBank venha perdendo dinheiro nos anos recentes em paralelo com o aumento das taxas de juros no mundo desenvolvido, os últimos resultados surpreendem em certa medida porque o setor de tecnologia nas bolsas do mundo todo vem se recuperando neste ano.

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O índice Nasdaq 100, que funciona como benchmark, subiu 20% durante o primeiro trimestre, o que ajudou a elevar os preços das ações de alguns dos maiores investimentos do SoftBank, como a sul-coreana Coupang (+9%) e a chinesa DiDi Global, que avançou cerca de 20%. O SoftBank contabiliza esses ganhos das empresas de seu portfólio em sua demonstração de resultados.

Mas o SoftBank reduziu o valor das empresas privadas de seu portfólio no primeiro trimestre (US$ 3,9 bilhões) em montante acima da valorização dos papéis das de capital aberto (US$ 1,9 bilhão).

Amir Anvarzadeh, estrategista da Asymmetric Advisors, em Cingapura, disse que o SoftBank pode ter reduzido o valor das participações em empresas privadas para acompanhar o declínio geral do mercado em períodos anteriores. “Os nomes não listados em bolsa, que representam algo em torno de 60% de seus investimentos totais, não foram reduzidos em mais de 20%”, escreveu em uma nota.

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Em teleconferência com investidores, Yoshimitsu Goto, diretor financeiro (CFO) do SoftBank e braço direito de Son, reconheceu que o ano passado foi muito difícil, o que forçou a empresa a reduzir as avaliações de quase 350 empresas. “Defesa total”, ele declarou em um slide sobre o ano fiscal que acabou de terminar.

De volta ao ataque

Os investimentos em startups do SoftBank foram interrompidos bruscamente durante o ano, com os aqueles do Vision Fund caindo mais de 90%, para US$ 3,14 bilhões. Goto explicou que o SoftBank teve o cuidado de manter bastante dinheiro em caixa para cobrir dívidas e outras obrigações, em parte vendendo a maior parte de suas participações no Alibaba Group.

Mas Goto sugeriu que o SoftBank pode voltar a investir mais ativamente novamente. Ele disse que se reúne com Son diariamente e que o CEO está tão cheio de entusiasmo com o tema da inteligência artificial, especialmente com a IA generativa, como o ChatGPT, que ele se preocupa com as horas dormidas do seu chefe. “Chegou a minha hora”, tem dito Son, de acordo com Goto.

O SoftBank não vai mergulhar em novos investimentos imediatamente, mas está mais aberto a possíveis negócios do que no passado. “Neste ano, se estivermos confortáveis, depois de verificarmos todos os aspectos, queremos tomar os passos [necessários de aporte], um a um.”

IPO da Arm

Analistas estão céticos quanto ao fato de Son voltar a fazer negócios muito rapidamente. Talvez ele precise levantar capital por meio da IPO da Arm, empresa de chips, antes de começar a gastar dinheiro novamente. “Se a IPO da Arm ocorrer em um valor decente, não acho que seja negativo”, disse Sharon Chen, analista de crédito da Bloomberg Intelligence. “Mas se a empresa aumentar os investimentos antes da IPO da Arm, isso provavelmente será negativo.”

A Arm apresentou aumento das vendas líquidas de 28% para ¥92,8 bilhões no quarto trimestre fiscal, em comparação com o ano anterior. As taxas de câmbio tiveram um efeito significativo sobre os resultados. As vendas líquidas em dólares americanos aumentaram 12%, chegando a US$ 696 milhões.

Bancos de investimento propuseram uma avaliação entre US$ 30 bilhões e US$ 70 bilhões para a listagem da Arm, uma faixa ampla que reflete os desafios de avaliar a empresa em um cenário de preços voláteis de ações de semicondutores.

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“A história da Arm é fundamental e a avaliação é importante, mas isso pode estar mais à mercê dos mercados do que o SoftBank gostaria”, disse Mio Kato, analista da LightStream Research que publica no Smartkarma.

Venda de ativos

O SoftBank se desfez de mais US$ 7,3 bilhões em ações do Alibaba neste ano por meio de contratos a termo pré-pagos, de acordo com uma análise da Bloomberg de registros regulatórios. Isso pode ter reduzido as ações do SoftBank no Alibaba para cerca de 3,8%. Goto disse que o SoftBank ainda tem a opção de comprar de volta as ações ou encerrar as opções.

Em abril, o grupo avisou que está vendendo sua divisão de capital de risco em estágio inicial, o SoftBank Ventures Asia Corp., para uma entidade liderada por Taizo Son, o irmão mais novo de Son. Os termos do acordo não foram divulgados.

A venda da incubadora de startups poderia aliviar a carga de financiamento do SoftBank, enquanto a venda de ações do Alibaba ajudaria a maximizar a receita de desinvestimento do SoftBank, escreveu o analista da Bloomberg Intelligence Marvin Lo em uma nota no mês passado.

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O SoftBank também está se aproximando de um acordo para vender o Fortress Investment Group para o Mubadala por até US$ 3 bilhões, informou o Financial Times, citando pessoas não identificadas informadas sobre o assunto. Goto se recusou a comentar sobre o assunto.

Isso ajudaria o preço das ações do SoftBank, disse Victor Galliano, um analista independente que publica no Smartkarma. “O foco, por enquanto, deve ser a realização de investimentos sempre que possível e a redução da alavancagem, e esperamos talvez mais divulgação sobre as dívidas de Masa com o grupo.”

Goto sugeriu que os investidores ouvirão o próprio Son se o SoftBank voltar ao modo ofensivo de um passado recente. Isso porque o bilionário gostaria de transmitir uma mensagem mais clara se começar a buscar negócios novamente.

“Não é que investiremos apenas em IA generativa”, disse Goto. “Gostaríamos de considerar qualquer coisa relacionada à IA. Talvez não seja muito rápido, precisaremos ser seletivos.”

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- Com a colaboração de Ayai Tomisawa e Vlad Savov.

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