Argentina pode precisar de resgate em breve, avalia governo brasileiro

Porta-voz de Fernández disse que país nunca pediu empréstimo bilateral, mas que Brasil e Argentina têm mesma visão sobre situação do país

O presidente brasileiro Lula (à esquerda) e o presidente argentino Alberto Fernández (à direita)
Por Martha Beck
30 de Maio, 2023 | 03:01 PM

Bloomberg — A equipe econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva considera que a Argentina, atingida por uma inflação em espiral e uma seca severa, em breve precisará de algum tipo de apoio financeiro adicional, de acordo com uma autoridade do governo brasileiro familiarizada com a discussão que conversou com a Bloomberg News.

A autoridade, que pediu anonimato para revelar discussões internas, descreveu a Argentina como um parceiro regional grande demais para entrar em colapso, mas não relevante o suficiente no cenário global para convencer o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou mesmo a China a mobilizarem os recursos adicionais de que o país necessita com urgência.

A alternativa, disse a pessoa, seria buscar o apoio do Chile e da Colômbia, as outras duas grandes economias sul-americanas cujos presidentes participam de uma cúpula organizada por Lula em Brasília nesta terça-feira (30).

O Brasil ainda não elaborou plano para ajudar a Argentina, acrescentou o funcionário, e dificilmente transferirá recursos diretamente para o país.

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Um porta-voz do presidente da Argentina, Alberto Fernández, disse que o país nunca pediu um empréstimo bilateral, mas que Brasil e Argentina compartilham da mesma visão sobre a situação do país. Lula disse que está trabalhando ativamente para ajudar Buenos Aires a superar a crise.

Os problemas econômicos da Argentina são crescentes, com a alta de 109% da inflação na comparação anual que levanta preocupações de que o país possa entrar em território de hiperinflação no momento em que se prepara para uma crucial eleição presidencial em outubro.

A administração de Cristina Kirchner elevou a taxa básica de juros para 97%, mas não conseguiu conter a inflação, já que o banco central continua a imprimir pesos para financiar os gastos do governo.

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Na tentativa de aumentar as reservas internacionais da Argentina e evitar uma desordenada desvalorização do peso, Fernandez enviou o seu ministro da Economia, Sérgio Massa, e uma grande delegação à China para negociar uma linha de swap cambial com Pequim.

Lula também pediu ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para participar da reunião do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco das nações do BRICS que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, para fazer lobby por formas alternativas de ajuda à Argentina.

Haddad não pôde viajar para a China, mas participou da reunião remotamente.

-- Com a colaboração de Patrick Gillespie.

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