Maduro visita Lula em plano de reconstrução de relações na América do Sul

Presidente da Venezuela pede mundo ‘multipolar’ e se aproxima de governos da esquerda da região, após anos de isolamento e sanções lideradas pelos EUA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no Palácio do Planalto nesta segunda-feira (29) (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Por Andrew Rosati - Simone Preissler Iglesias
29 de Maio, 2023 | 07:59 PM

Bloomberg — O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pediu um mundo “multipolar” em vez de um dominado pelos Estados Unidos quando chegou ao Brasil em busca de reconstruir as alianças do país após anos de isolamento.

Em sua primeira viagem internacional em sete meses, Maduro se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília nesta segunda-feira (29), antes de uma cúpula regional.

A viagem desta semana é a mais recente evidência de uma tentativa de “degelo” em curso em relação ao governo venezuelano depois que partidos de esquerda venceram as eleições no ano passado no Brasil e na Colômbia. As viagens internacionais de Maduro foram restringidas nos últimos anos por sanções impostas pelos EUA, que apoiaram abertamente as tentativas de derrubá-lo.

Lula, de 77 anos, criticou repetidamente políticas dos EUA, desde sanções à Venezuela a armas enviadas à Ucrânia e seus esforços para prender o fundador do WikiLeaks, Julian Assange.

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“É inexplicável que 900 sanções sejam impostas a um país, porque outro país não gosta”, disse Lula, falando a jornalistas ao lado de Maduro.

O governo dos EUA do então presidente Donald Trump mobilizou seus aliados para isolar a Venezuela após a reeleição de Maduro em 2018, em uma votação amplamente vista como uma farsa. As sanções dos EUA aprofundaram a recessão econômica que levou milhões a fugirem do país.

Manutenção no poder

Maduro, de 60 anos, o sucessor escolhido pelo falecido Hugo Chávez, manteve-se no poder em meio a protestos em massa, tentativas de golpe e pressão dos Estados Unidos. Agora, com líderes de esquerda no poder na maioria dos maiores países da América Latina, seu governo está sendo reabilitado por seus vizinhos.

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Na semana passada, o presidente do Chile, Gabriel Boric, nomeou um novo embaixador na Venezuela, cargo que não era ocupado desde 2018. O ministro das Relações Exteriores, Alberto van Klaveren, disse nesta segunda-feira que é preciso estreitar os laços entre as duas nações em áreas de interesse comum, como migração.

No final de 2022, o líder colombiano Gustavo Petro reabriu oficialmente a fronteira de seu país com a Venezuela. Enquanto isso, os EUA diminuíram ligeiramente a pressão sobre Maduro em meio a temores de escassez de energia e de petróleo após a invasão russa da Ucrânia em 2022.

-- Com a colaboração de Fabiola Zerpa e Matthew Malinowski.

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