Lufthansa diz que pode encerrar 20 anos de perdas da ITA, ex-Alitalia, até 2025

Companhia alemã, que comprou fatia minoritária da italiana, aposta em medidas como força do marketing, programas de fidelidade e rede de conexões

Aviões da Lufthansa e da ITA Airways no aeroporto de Fiumicino em Roma, na Itália: companhia alemã compra fatia minoritária na italiana (Foto: Alessia Pierdomenico/Bloomberg)
Por Alberto Brambilla - William Wilkes
28 de Maio, 2023 | 05:00 PM

Bloomberg — A Lufthansa está prestes a embarcar em uma jornada difícil para conseguir uma rápida reviravolta da sucessora da Alitalia, a ITA Airways, e superar duas décadas de perdas constantes.

A Lufthansa concordou na quinta-feira (25) em comprar uma participação minoritária na ITA, e seus executivos acham que podem ter sucesso no que outros falharam: obter lucro da companhia aérea que por muito tempo arvorou a bandeira da Itália, o terceiro maior mercado de aviação da Europa.

O CEO da Lufthansa, Carsten Spohr, disse na sexta-feira (26) que a ITA pode se tornar lucrativa em dois anos. O grupo aéreo alemão planeja usar sua força de marketing global, programas de fidelidade e rede de voos de conexão para aumentar a receita do ITA.

“O ITA não é a velha Alitalia”, disse Spohr. “Faremos desta operação um sucesso.”

PUBLICIDADE

O histórico da Alitalia tem sido historicamente desastroso.

A empresa não registra lucro anual há 20 anos, quebrou duas vezes desde 2008 e se tornou um grande fardo para a Etihad Airways depois que a endinheirada companhia aérea de Abu Dhabi comprou uma participação, mas não conseguiu reverter os negócios. A marca encerrou oficialmente suas operações no final de 2021, quando renasceu como ITA Airways.

As perdas da Alitalia totalizaram cerca de € 12,4 bilhões desde o início dos anos 2000, quando a concorrência no mercado europeu de aviação começou a aumentar, segundo cálculos do especialista em aviação Andrea Giuricin, da Universidade de Milano Bicocca.

PUBLICIDADE

As perdas da ITA Airways estão incluídas nos cálculos. A nova operadora perdeu € 486 milhões em 2022, de acordo com um comunicado.

Histórico de prejuízos: último exercício da ITA Airways (ex-Alitalia) com lucro aconteceu em 2002dfd

Para a Lufthansa, a incursão representa uma aposta em um mercado italiano mais competitivo do que a alemã está acostumada, após a rápida expansão das operadoras low cost.

Durante a assembléia geral anual em maio, os investidores da Lufthansa sinalizaram desconforto sobre a aquisição planejada, alertando a administração de que o governo italiano pode querer interferir na administração da empresa.

Para proteger seu risco, a Lufthansa planeja comprar a ITA em várias etapas, e o governo da Itália contribuirá com cerca de € 250 milhões.

A ITA se juntará a um grupo de companhias aéreas nacionais já sob o guarda-chuva da Lufthansa, incluindo Swiss e Austrian Airlines.

Spohr, da Lufthansa, um piloto treinado que dirige a empresa há quase uma década, transformou a companhia aérea no maior grupo de aviação da Europa, competindo com os outros dois grandes conglomerados - a controladora da British Airways, IAG, e a Air France-KLM -, bem como uma trio de companhias low cost: Ryanair, EasyJet e Wizz Air.

Leia também

PUBLICIDADE

Azul reitera planos para Congonhas e Paris após renegociação de dívida

Latam planeja listar ADRs em NY e voltar ao mercado de títulos após recuperação