Bloomberg — Paul Krugman, economista vencedor do Prêmio Nobel, minimizou as preocupações sobre a crescente dívida do governo dos Estados Unidos antes de um possível calote na próxima semana e disse que os negociadores do orçamento correm o risco de minar a prosperidade futura do país ao concentrar seus esforços em cortar gastos em programas como educação e nutrição infantil.
Em entrevista a David Westin, da Bloomberg TV, para o programa de televisão Wall Street Week desta sexta-feira (26), Krugman disse que não há sinal de que a dívida do país esteja causando problemas nos mercados financeiros ou na economia.
“A dívida dos EUA é muito alta”, disse Krugman, que escreve uma coluna de opinião para o New York Times e é professor de economia na City of University of New York. “Mas não é tão alta em comparação ao que muitos outros países experimentaram ao longo dos anos sem nenhum tipo de crise.”
As equipes de negociação do presidente Joe Biden e do presidente da Câmara, Kevin McCarthy, estão tentando resolver suas diferenças sobre o aumento do limite de dívida de US$ 31,4 trilhões antes que o governo perca sua capacidade de cumprir todas as suas obrigações de pagamento, possivelmente já em 1º de junho.
As conversas estão focadas em cortes nos chamados gastos discricionários, com ambos os lados descartando reduções nos gastos com Previdência Social e Medicare para idosos.
“Muito do que é discricionário são, na verdade, áreas como programas que apoiam crianças”, disse Krugman. “No esforço para conter os gastos principais agora, estamos desinvestindo no futuro do país e isso é bastante alarmante.”
Ele rejeitou as sugestões de que o aumento da dívida do governo dos EUA prejudicaria o papel do dólar como moeda de reserva mundial, argumentando que não há um candidato óbvio para substituí-lo. A Europa não tem um mercado de títulos grande e unificado semelhante aos títulos do Tesouro dos EUA, enquanto a China tem controles rígidos sobre os fluxos de capital para dentro e para fora do país.
O que pode prejudicar o dólar, porém, é a repetida temeridade sobre o teto da dívida e uma série de inadimplências.
“Se a preocupação acima do limite da dívida se tornar um assunto rotineiro, as pessoas vão parar de querer negociar títulos em dólares”, disse Krugman.
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