Vodafone: plano de recuperação de nova CEO prevê 11 mil demissões em 3 anos

Margherita Della Valle quer simplificar a estrutura corporativa do grupo e iniciará revisão estratégica da filial na Espanha, que atrai o interesse de potenciais compradores

O grupo cortará cerca de 11.000 postos em três anos, mudará seu posicionamento na Alemanha e iniciará uma “revisão estratégica” da filial espanhola
Por Thomas Seal
16 de Maio, 2023 | 06:12 AM

Bloomberg — A nova CEO da Vodafone (VOD), Margherita Della Valle, apresentou um plano para tentar reativar o crescimento da gigante das telecomunicações: prometeu cortar empregos e simplificar a estrutura corporativa da empresa.

A gigante britânica de telecom cortará cerca de 11.000 postos nos próximos três anos, implementará mudanças em seu posicionamento na Alemanha e iniciará uma “revisão estratégica” de sua unidade espanhola, informou a empresa sediada em Newbury em comunicado nesta terça-feira (16).

No mês passado, a Bloomberg News informou que a Vodafone havia atraído interesse de potenciais compradores para suas operações na Espanha.

Della Valle, executiva italiana que é uma veterana da Vodafone e que já atuou como diretora-financeira e CEO interina antes de ser efetivada no cargo principal no mês passado, está encarregada de guiar a volta por cima na empresa. A Vodafone tem sofrido com a defasagem do preço das ações e com a dificuldade de consolidar suas operações globais em expansão.

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Na declaração, ela disse que realocaria os recursos para se concentrar no “serviço de qualidade que os clientes esperam” e para fazer crescer a unidade Vodafone Business.

“Nosso desempenho não tem sido bom o suficiente. Para oferecer resultados consistentes, a Vodafone deve mudar”, disse no comunicado. “Minhas prioridades são os clientes, a simplicidade e o crescimento. Vamos simplificar nossa organização, eliminando a complexidade para recuperar nossa competitividade.”

O fluxo de caixa livre ajustado, uma métrica observada de perto por investidores, cairá cerca de 31%, para € 3,3 bilhões de euros (US$ 3,6 bilhões) no ano fiscal que se encerra em março, após os desinvestimentos, mas também sofrerá um golpe devido a “movimentos esperados de capital de giro”, disse a empresa.

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Grande parte do declínio se deve a uma mudança na lei alemã que afeta a forma como a Vodafone pode cobrar dinheiro dos clientes, disse um porta-voz. Um consenso de estimativas de analistas, compilado pela empresa, colocou o valor em € 3,6 bilhões.

Espera-se que o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização após os arrendamentos seja de € 13,3 bilhões no ano que se encerra em março, o que a Vodafone descreveu como “praticamente estável”, uma vez que se leva em conta a venda parcial da unidade de antenas móveis Vantage Towers e o desinvestimento de seus negócios na Hungria.

A nova CEO da Vodafone também precisa lidar com um conjunto de novos acionistas do setor de telecomunicações, alguns dos quais estão se tornando mais expressivos quanto ao seu desejo de influenciar a direção da empresa.

A Emirates Telecommunications vem aumentando constantemente sua participação e agora é a maior acionista da empresa. O CEO da empresa apoiada pelos Emirados Árabes Unidos, Hatem Dowidar, ex-executivo da Vodafone, entrará para o conselho como diretor não executivo, informou a Vodafone na semana passada.

- Com a colaboração de Henry Ren.

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