Bloomberg Línea — A Petrobras (PETR3, PETR4) reportou um lucro líquido de R$ 38,2 bilhões no primeiro trimestre deste ano, com queda de 14,4 % em relação a igual período do ano passado, informou a estatal em balanço enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na noite desta quinta-feira (11).
O resultado marca o primeiro período fiscal sob a gestão do CEO Jean Paul Prates, nomeado pelo presidente Lula, e veio em linha com as estimativas de casas consultadas pela Bloomberg Línea.
Nas negociações do after hours da Bolsa de Nova York, as ADRs da Petrobras operavam próximas da estabilidade nesta quinta.
A companhia informou no documento que o desempenho se deveu principalmente à desvalorização do preço do barril do Brent – que na comparação anual recuou 20%, para US$ 81 – e ao menor resultado financeiro, o que foi parcialmente compensado por menores despesas operacionais.
A petroleira acrescentou que também houve maior despesa com imposto de renda (R$ 2,9 bilhões) no período, em razão da ausência de créditos tributários ocorridos no quarto trimestre de 2022 pela distribuição de dividendos do exercício do ano na forma de juros sobre capital próprio.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado foi de R$ 72,4 bilhões de janeiro a março, queda de 6,7% na comparação anual e dentro da previsão de casas consultadas pela Bloomberg Línea.
A receita de vendas da estatal alcançou R$ 139 bilhões, uma queda de 1,8% sobre igual intervalo de 2022.
A petroleira informou que a variação das despesas tributárias no primeiro trimestre na comparação anual ocorreu principalmente devido ao “início de vigência do imposto sobre exportação de petróleo em março de 2023″ - um tributo instituído pelo governo Lula para elevar a arrecadação federal.
De janeiro a março do ano passado, as despesas tributárias da companhia totalizaram R$ 311 milhões. No mesmo intervalo deste ano, o indicador marcou R$ 1,03 bilhão.
Endividamento
A dívida líquida da Petrobras atingiu US$ 37,5 bilhões no primeiro trimestre, uma queda de 6,2% na comparação anual e de 9,5% sobre o período imediatamente anterior. Com isso, a alavancagem medida pela relação dívida líquida sobre o Ebitda ajustado alcançou, em dólares, 0,58x, ante 0,81x um ano antes e 0,63x no quarto trimestre.
De janeiro a março, os investimentos da petroleira totalizaram US$ 2,5 bilhões. No segmento de exploração e produção, o indicador marcou US$ 2 bilhões, valor 49% acima do mesmo período do ano passado, “devido ao desenvolvimento dos grandes projetos que sustentarão a curva de produção dos próximos anos, em especial pela construção e integração de novas unidades de produção, além da ampliação dos investimentos na revitalização do (campo) de Marlim”, disse a empresa no balanço.
No segmento de refino, transporte e comercialização, os investimentos totalizaram US$ 340 milhões, com destaque para paradas programadas de refinarias, investimentos em malha logística e unidade de utilidades do GASLUB. No segmento gás e energia, os investimentos totalizaram US$ 33 milhões no trimestre, com destaque para unidades de processamento de gás natural.
Dividendos: despedida?
Segundo a Petrobras, o atual nível do endividamento bruto da companhia, a elevada geração de caixa e a sólida liquidez permitiram à companhia aprovar um pagamento de remuneração ao acionista no montante de R$ 1,89 por ação ordinária e preferencial, de acordo com sua política de remuneração aos acionistas.
No total, a estatal deve pagar um montante de R$ 24,7 bilhões em proventos referentes ao exercício do primeiro trimestre. O anúncio, na última hora do pregão, animou o mercado e levou a uma alta de 3,67% das ações preferenciais da Petrobras no fechamento do dia.
A companhia informou que a decisão ocorreu baseada na atual política de dividendos da companhia. No entanto a estatal sinalizou que isso deve mudar em breve.
“O Conselho de Administração determinou que a diretoria executiva elabore proposta de ajuste do planejamento estratégico em curso e aperfeiçoamento da política de remuneração aos acionistas da Petrobras, incluindo a possibilidade de recompra de ações, e submeta essas matérias para deliberação do conselho antes do encerramento do mês de julho de 2023″, disse a empresa em fato relevante.
“Pode ter sido a última grande distribuição de dividendos da companhia. A empresa não vai parar de distribuir proventos, [mas] a lógica vai ser mexida para algo que esteja em maior concordância com o regime de competência, em torno de 25% do lucro líquido”, afirmou Ilan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos.
Sobre a possibilidade de recompra de ações, o analista salientou que é preciso aguardar o anúncio da Petrobras acerca da finalidade do programa. “Temos que esperar para ver. À princípio, isso abre espaço para que a companhia compre papéis e aumente sua representatividade, mas precisamos aguardar para ver se, de fato, é isso que vai acontecer”, avaliou.
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