Cinco coisas que você precisa saber para começar esta quinta-feira

Na véspera de feriado no Brasil, investidores monitoram medidas do governo para crédito e Parcerias Público-Privadas (PPPs) e possível CPI sobre atos de 8 de janeiro

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Bloomberg Línea — A véspera de feriado no Brasil começa com os investidores ainda monitorando a temporada de balanços nos Estados Unidos e os sinais do Federal Reserve (Fed) sobre a política de aperto monetário, bem como os de uma recessão nas principais economias mundiais.

Nos Estados Unidos, as atenções estão voltadas a declarações de integrantes do Fed. Segundo John Williams, presidente do Fed de Nova York, a crise bancária pode tornar o acesso ao crédito mais difícil para famílias e empresas - o que em tese poderia reduzir a necessidade de juros mais altos.

No Brasil, a atenção se volta para os resultados financeiros das companhias a partir da próxima semana e para a divulgação dos planos do governo para estimular o crédito e Parcerias Público-Privadas (PPPs) no setor de saneamento e em infraestrutura, que deve acontecer nesta manhã. O novo marco pode gerar cerca de R$ 100 bilhões em investimentos em estimativas consideradas otimistas por analistas.

É monitorada de perto também a perspectiva de criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os ataques violentos contra a democracia em 8 de janeiro — uma vez que o mercado teme que isso pode tirar a atenção de outras medidas, como o arcabouço fiscal.

Na esfera corporativa, ontem no fim da tarde (19), a Tesla (TSLA) anunciou uma margem operacional de 11,4% no primeiro trimestre, contra 16% no período anterior e 19,2% há um ano, como reflexo de sua política agressiva de cortes nos preços dos modelos.

Pela primeira vez em anos, a empresa de Austin, sediada no Texas, recusou-se a fornecer sua margem bruta automotiva, uma métrica muito acompanhada por analistas, limitando-se a dizer que caiu a partir do quarto trimestre. Elon Musk, por sua vez, disse que continuará sua política de redução de preços.

A semana é mais curta no Brasil, com o feriado de Tiradentes na sexta-feira (21). Bancos e o Ibovespa (IBOV) estarão fechados.

Confira a seguir cinco destaques desta quinta-feira (20):

1. Crédito e PPPs

O governo anuncia nesta manhã medidas para estimular a concessão de crédito e o que pode ser o novo marco das PPPs (Parcerias Público-Privadas), com 13 ações previstas. Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o anúncio “impulsionará os investimentos em saneamento, ajudando a cumprir as metas de universalização dos serviços”.

Segundo ele, o novo marco facilitará os investimentos ao permitir que a União entre como garantidora das operações de crédito para as PPPs fechadas por estados e grandes municípios.

O ministro afirmou que o governo não pretende criar um fundo com recursos do Orçamento para garantir as operações de crédito para as PPPs, uma medida que ofereceria segurança para possíveis calotes dos governos locais ou entes privados. Uma ideia em estudo é aproveitar o sistema de garantias do Tesouro para as operações de crédito de governos locais.

Haddad ressaltou que o fornecimento de garantias pelo Tesouro reduzirá os custos dos projetos e ajudará no cumprimento da meta de universalização. Segundo o Novo Marco do Saneamento, aprovado em 2019 com validade até 2033, 99% da população brasileira deveria ter acesso à água potável e 50% à coleta de esgoto com tratamento.

2. Corte de preços na Tesla

Elon Musk indicou na noite de ontem que a Tesla continuará cortando os preços para alimentar a demanda, mesmo depois que as remarcações no início deste ano afetaram significativamente a lucratividade da empresa.

A margem operacional da Tesla encolheu para 11,4% no primeiro trimestre, o menor patamar em aproximadamente dois anos, depois que a empresa reduziu os preços de seus veículos elétricos em janeiro e março. Musk já fez várias outras rodadas de cortes de preços neste mês de abril e disse que está confortável ganhando menos dinheiro com cada carro vendido.

As ações da Tesla caíram 8,5%, para US$ 165,33, antes do início das negociações regulares nesta quinta-feira. Mas acumulam alta de 47% no ano.

Os descontos da Tesla têm sido dramáticos tanto em escala quanto em período — reduziu o preço inicial do Modelo Y em 29% em pouco mais de três meses. Os movimentos de Musk provocaram debates sobre se ele está operando em uma posição de força ou fraqueza.

Embora a Tesla continue sendo a líder de vendas de veículos elétricos e esteja na rara posição de fabricá-los de maneira lucrativa em escala, seu crescimento desacelerou drasticamente à medida que os custos de empréstimos aumentam e mais montadoras lançam modelos plug-in considerados competitivos.

3. Mercados

Os futuros de ações dos Estados Unidos caíram junto com as ações europeias após resultados corporativos considerados mistos e os investidores estudaram a avaliação mais recente sobre a economia dos EUA em busca de pistas sobre o caminho para as taxas de juros.

Os contratos do S&P 500 caíram cerca de 0,7%, e os do Nasdaq 100, mais de 1%. A ação da Tesla caiu até 8,5% nas negociações de pré-mercado depois que a fabricante de veículos elétricos sinalizou mais cortes de preços, mesmo com os resultados do primeiro trimestre mostrando margens de lucro estreitas.

As ações de empresas de automóveis lideraram as quedas no índice Stoxx Europe 600, já que a Renault teve a maior desvalorização em quase cinco meses, com as preocupações sobre a pressão de preços superando números acima do esperado em vendas da montadora francesa no primeiro trimestre. O DAX da Alemanha teve um desempenho inferior à queda de outros fabricantes de automóveis e peças.

4. Manchetes

Estadão: Maioria do STF torna réus 100 denunciados por atos golpistas do 8 de janeiro

Folha de S. Paulo: STF forma maioria para tornar réus 100 dos denunciados por ataques golpistas de 8/1

O Globo: Demissão de Gonçalves Dias dá força a movimento para extinguir GSI e retirar militares do Planalto

Valor Econômico: Governo lança pacote de medidas para melhorar acesso ao crédito e baixar juros

5. Agenda

A agenda do dia é cheia nos Estados Unidos, a começar pela divulgação dos pedidos iniciais por seguro-desemprego, do índice de atividade industrial e do relatório de empregos do Fed da Filadélfia às 9h30, no horário de Brasília. Às 11h, são divulgados números sobre as vendas de casas usadas.

Às 13h, acontece o discurso de Christopher Waller, membro do Fed. Por fim, às 16h, acontece o discurso de Michelle Bowman, membro do FOMC.

Na Europa, a agenda começou às 8h30 com a publicação das atas da reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE). Às 17h15, Isabel Schnabel, do BCE, faz um pronunciamento.

-- Com informações de Agência Brasil.

-- Com informações da Bloomberg News.

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