LVMH quebra hegemonia tech e entra para o top 10 das empresas mais valiosas

Gigante francesa das bolsas Louis Vuitton e de bebidas como Möet & Chandon se aproxima de marca de US$ 500 bilhões em valor com alta de 30% das ações neste ano

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Bloomberg — A LVMH, a maior empresa da Europa em valor de mercado, chegou agora ao top 10 do mundo.

A divulgação de vendas acima das estimativas no primeiro trimestre provocou um aumento de 5% no preço das ações nesta quinta-feira (13) na Bolsa de Paris, elevando a potência global de luxo para uma valorização da ordem de 30% no acumulado deste ano.

Esse ganho, junto com um fortalecimento do euro em relação ao dólar, elevou a capitalização de mercado da LVMH para US$ 486 bilhões, classificando-a brevemente como a décima maior empresa do mundo. Se chegar a US$ 500 bilhões, ela se tornará a primeira empresa europeia a atingir esse marco.

“Isso ilustra a ascensão de pessoas ricas em todo o mundo, de uma sociedade polarizada”, disse Gilles Guibout, chefe de estratégias de ações europeias da AXA Investment Managers. “O setor de luxo está, portanto, experimentando um forte crescimento.”

Para uma multidão cada vez maior de investidores, a LVMH e suas rivais de luxo francesas são para o mercado de ações europeu o que as Big Techs tem sido para os Estados Unidos: empresas dominantes cujo crescimento se mantém mesmo quando a economia se aquece ou enfraquece.

O top 10 das empresas mais valiosas do mundo é uma lista dominada por representantes do setor tech. As outras intrusas são a petrolífera Saudi Aramco e a holding Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, que tem como principal investimento justamente uma tech, a Apple (AAPL).

As ações da LVMH e da Hermes International deram retorno em média mais de 20% ao ano na última década, enquanto a Kering, grupo de marcas como Gucci, Saint Laurent, Balenciaga e Alexander McQueen, entre outras, entregou 16%. O índice Stoxx Europe 600 está muito atrás, com 8,3% ao ano.

A LVMH é um colosso com marcas - ou houses - como Tiffany, TAG Heuer, Dom Pérignon, Christian Dior, Givenchy, Fendi e Loewe, entre outras. Além das bolsas Louis Vuitton e de bebidas como Möet & Chandon e Hennessy, cujas iniciais formam o nome do grupo.

“Sempre investimos em tecnologia e luxo, mas a vantagem do luxo sobre a tecnologia é que, embora haja riscos, a disrupção e a obsolescência são menores”, disse Guibout.

As vendas robustas de bolsas Louis Vuitton e de champanhes Möet Chandon, que elevaram o preço das ações da LVMH, também reforçaram a riqueza de seu fundador, Bernard Arnault. Ele é a pessoa mais rica do mundo, com uma fortuna de US$ 198 bilhões, segundo o Bloomberg Billionaires Index.

Está, portanto, à frente de titãs da tecnologia como Elon Musk, da Tesla (TSLA), e Jeff Bezos, da Amazon (AMZN), para citar dois dos empreendedores mais conhecidos do mundo.

O catalisador para os ganhos de luxo deste ano, como em muitos anos recentes, é a China. Saindo dos bloqueios mais rígidos para combater a covid, os consumidores chineses estão esbanjando em bolsas e joias de luxo.

As vendas crescentes da LVMH mostram que a demanda por produtos de alto preço permanece inabalável, mesmo com a iminência de uma desaceleração econômica global.

A recuperação das ações de luxo consolidou a posição de Paris como o maior mercado de ações da Europa, superando Londres. O índice de referência CAC 40 está em uma onda recorde, com ganhos de mais de 15% neste ano, superando outros grandes mercados.

Os ganhos recentes elevaram a avaliação da LVMH para 26 vezes os ganhos futuros, o dobro do CAC 40. Isso não incomoda Nicolas Domont, gestor de fundos da Optigestion em Paris.

“Tornou-se uma ação obrigatória”, disse Domont. “Se continuar a entregar, não tenho nenhum problema em pagar o prêmio.”

Os céticos dizem que a durabilidade das vendas de luxo ainda não foi testada nos últimos anos por uma longa recessão econômica. Em uma recessão, todos, exceto os consumidores mais ricos, provavelmente reduzirão seus gastos, dizem eles.

“Estive completamente errado ao aconselhar os clientes a ficarem longe do luxo, mas estou convencido (e teimoso a respeito) de que algo tem que ceder e que a relação risco-retorno ainda é desfavorável”, escreveu Jie Zhang, analista da Alphavalue SAS em Paris, em um relatório aos clientes na quinta. “Ainda não compro a ideia de que o luxo é imune ao consumo.”

- Com a colaboração de Jan-Patrick Barnert.

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