Opinión - Bloomberg

Entenda as razões pelas quais a crise do banco SVB deve realmente nos assustar

Banco da Califórnia não é exatamente um nome familiar, mas faz negócios com quase metade de todas as startups apoiadas por capital de risco dos EUA

SVB faz negócios com quase metade das startups apoiadas por capital de risco dos EUA
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Bloomberg Opinion — A quinta-feira (9) foi um dia ruim para o setor bancário nos Estados Unidos. O índice de referência KBW Bank caiu 8,1% em seu maior declínio em um dia desde junho de 2020. O maior perdedor nesse índice foi o SVB Financial Group (SIVB), controlador do Silicon Valley Bank, que caiu 60%.

Não é que o Silicon Valley Bank tenha simpatia pelo JPMorgan (JPM), Citigroup (C) e Bank of America (BAC); esses gigantes bancários - e sem dúvida o mercado de ações como um todo - caíram por causa do Silicon Valley Bank. “Espere. Vale do Silício quem?”

O banco com sede em Santa Clara, Califórnia, não é exatamente um nome familiar e certamente não é grande o suficiente para desencadear uma crise bancária nacional. Com cerca de US$ 212 bilhões em ativos, é menos de um décimo do tamanho do JPMorgan. Na verdade, ela tem um negócio de nicho, que financia principalmente startups relacionadas à tecnologia.

Aí é que está o problema.

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A controladora do Silicon Valley Bank surpreendeu o mercado na quarta-feira (8) ao dizer que vendeu cerca de US$ 21 bilhões em títulos de sua carteira, o que resultará em um prejuízo líquido de US$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre.

O SVB também vendeu US$ 1,25 bilhão em ações ordinárias e US$ 500 milhões em títulos que representam ações preferenciais conversíveis. Além disso, a General Atlantic se comprometeu a comprar US$ 500 milhões em ações ordinárias, elevando o valor total para cerca de US$ 2,25 bilhões.

Para ser claro, ter que levantar dinheiro em cima da hora nunca é uma boa ideia para um banco. Mas o que pareceu surpreender a todos é o motivo dado pelo SVB para a necessidade de levantar capital: aquelas startups com depósitos no banco estão sacando dinheiro. Isso faz sentido.

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O financiamento de capital de risco secou à medida que os aumentos agressivos das taxas de juros do Federal Reserve tornam os investidores mais cautelosos, principalmente em meio a preocupações de que a economia será inevitavelmente empurrada para uma recessão. Esse financiamento caiu 35% no ano passado, de acordo com a empresa de capital de risco Partech Partners.

De acordo com a Bloomberg News, o SVB faz negócios com quase metade de todas as startups apoiadas por capital de risco dos EUA e 44% das empresas de tecnologia e saúde apoiadas por capital de risco dos EUA que abriram o capital no ano passado.

Esses setores foram devastados à medida que os aumentos dos juros decretados para combater a inflação derrubam valuations e forçam as empresas a buscar dinheiro, observa a Bloomberg News.

“Estamos tomando essas medidas porque esperamos taxas de juros mais altas contínuas, mercados públicos e privados pressionados e níveis elevados de queima de caixa de nossos clientes à medida que investem em seus negócios”, disse o CEO da SVB, Greg Becker, em carta aos acionistas na quarta-feira (8).

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É difícil exagerar o quão importante as indústrias de tecnologia e startups têm sido para a economia.

Antes da recente turbulência nos mercados, o valor que as startups criavam globalmente era quase igual ao Produto Interno Bruto de uma economia do Grupo dos 7 (que reúne as maiores economias do mundo), e o valor do financiamento de startups em 2021 ultrapassou US$ 600 bilhões em todo o mundo, de acordo com um relatório do Fórum Econômico Mundial da ano passado.

O índice NYSE FANG+, que acompanha o desempenho de empresas de tecnologia como Facebook, da Meta (META), Apple (AAPL), Amazon (AMZN), Netflix (NFLX) e Google (GOOGL), subiu mais de 700% entre 2016 e o final de 2021, superando o ganho de 150% do S&P 500 no período. Desde então, o índice NYSE FANG+ caiu cerca de 32%.

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Os cortes de empregos na indústria estão aumentando. A Challenger, Gray & Christmas disse na quinta-feira que as reduções anunciadas da força de trabalho no setor de tecnologia totalizaram 20.442 em fevereiro, superando em muito o setor que ficou em segundo lugar; varejo em 8.544.

Apesar de os juros terem passado de quase zero em março passado para o intervalo de 4,50% a 4,75% hoje, a economia conseguiu evitar cair em uma recessão como quase todos esperavam. Talvez os problemas do Silicon Valley Bank sejam o primeiro sinal de que uma recessão chegou. Nesse sentido, não é de admirar que esse banco tenha assustado todo mundo.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.

Robert Burgess é o editor executivo da Bloomberg Opinion. Anteriormente, foi o editor executivo global responsável por mercados financeiros na Bloomberg News.

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