Bloomberg — As commodities, do minério de ferro ao cobre, caíram depois que a China estabeleceu uma meta de crescimento cautelosa para 2023, de cerca de 5%, e não anunciou nenhum novo estímulo importante.
A meta divulgada no Congresso Nacional Popular ficou abaixo do que a maioria dos economistas esperava, dando a Pequim mais margem de manobra depois de ter terminado o ano passado bem aquém de sua projeção inicial. A ausência de um anúncio de grandes medidas para impulsionar o setor imobiliário e a infraestrutura esfriou o entusiasmo nos mercados de metais.
Nenhum dos documentos oficiais do congresso divulgados até agora sugere que as autoridades estão interessadas no tipo de impulso maciço implantado para resgatar a economia após a crise financeira global ou no início da pandemia. A China também adotou uma meta mais moderada para vendas de títulos de dívida interna, fundamental para o investimento em infraestrutura que impulsiona a maior parte da demanda por matérias-primas.
“O congresso enviou a mensagem de que o governo visa apenas apoiar e estabilizar a economia, em vez de implementar estímulos maciços”, disse Jiang Hang, chefe de negociação da Yonggang Resources. Os investidores estavam muito comprados em metais como o cobre, segundo ele.
O minério de ferro caiu até 3,5% para US$ 121 a tonelada. A queda da matéria-prima siderúrgica também se deve parcialmente a uma declaração da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China na sexta-feira, na qual disse que os ganhos no mercado foram “excessivamente rápidos”.
“Parece provável que o impulso de demanda por commodities relacionado à infraestrutura da China possa diminuir este ano” e é menos provável que o país use dívida para sustentar a economia, disse Vivek Dhar, analista do Commonwealth Bank of Australia. No entanto, o consumo de matérias-primas provavelmente permanecerá forte no primeiro semestre devido à demanda reprimida desde a reabertura da economia chinesa no final do ano passado, disse.
Pequim também anunciou que fará pressão para aumentar sua capacidade de produção de grãos em 50 milhões de toneladas por ano como parte de seu esforço para reforçar a segurança alimentar. Nenhum cronograma definido para a meta foi dado, no entanto.
A colheita de grãos da China foi de 686,55 milhões de toneladas em 2022, disse a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma em um relatório, e está estável em mais de 650 milhões de toneladas desde 2015, segundo a mídia estatal.
--Com a colaboração de Hallie Gu e Liz Ng.
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