Novo CEO da Shell diz que cortar produção de petróleo e gás não seria saudável

Wael Sawan, que assumiu o cargo em janeiro, acredita que uma eventual redução seria financeiramente ruim para os consumidores e a empresa

Maiores empresas de energia da Europa estão repetindo estratégias de pares americanos
Por William Mathis
03 de Março, 2023 | 12:46 PM

Bloomberg — O novo chefe da petroleira Shell (SHEL) disse que cortar a produção de petróleo e gás seria ruim para os consumidores, ecoando uma orientação de outros grandes produtores em relação aos combustíveis fósseis e à segurança energética.

“Tenho a firme opinião de que o mundo precisará de petróleo e gás por muito tempo”, disse o CEO da Shell, Wael Sawan, em entrevista à Times Radio nesta sexta-feira (3). “Como tal, cortar a produção de petróleo e gás não é saudável.” Sawan assumiu a presidência da petroleira, uma das maiores do mundo, em 1º de janeiro.

As maiores empresas de energia da Europa estão repetindo cada vez mais as estratégias de seus concorrentes americanos menos preocupados com o clima e se voltando para os negócios de petróleo e gás que geraram lucros recordes no ano passado e pagamentos a seus acionistas.

A BP, a parceira mais próxima da Shell, disse no mês passado que iria desacelerar a redução planejada em sua produção de petróleo e gás para garantir a confiabilidade do fornecimento de energia após a interrupção causada pela invasão russa da Ucrânia. Os acionistas da empresa aplaudiram a notícia, elevando as ações da BP em cerca de 17% desde o anúncio.

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A ênfase renovada nos combustíveis fósseis segue um ano de preços altos e voláteis depois que a invasão da Rússia interrompeu o fornecimento de gás e a recuperação das economias da pandemia de covid-19 impulsionou a demanda por petróleo.

“É claro que vimos até 2022 a fragilidade do sistema de energia”, disse Sawan. “Ver os preços começarem a disparar não é saudável para ninguém, principalmente para os consumidores.”

Mas, ao mesmo tempo, as emissões de CO2 atingiram um recorde no ano passado, o que significa que o mundo precisará se mover ainda mais rápido se quiser atingir suas metas climáticas e evitar os piores impactos do aquecimento global. Para fazer isso, seria necessário um corte acentuado na demanda por petróleo e, eventualmente, também por gás.

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Sob o comando do antecessor de Sawan, Ben van Beurden, a Shell tinha como meta reduzir a produção de petróleo de 1% a 2% ao ano, ritmo que está mais do que alcançado. Muitas dessas reduções são atribuídas a uma reconfiguração do portfólio de produção da Shell para descartar ativos de margem mais baixa. Essa abordagem continuará com Sawan, que está comprometido em aumentar o valor para os acionistas.

“Focamos no valor acima do volume”, disse Sawan. “Portanto, não é quantos barris estamos produzindo, mas a margem que extraímos dos barris que produzimos.”

Sawan disse que a empresa continua comprometida com uma estratégia de investimento em petróleo e gás, bem como em tecnologias de baixo carbono e carbono zero.

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