Ibovespa oscila e mercados testam recuperação após tombo na semana passada

Investidores continuam a avaliar os efeitos de uma política monetária ainda mais restritiva nos EUA; no Brasil, preço dos combustíveis também está no radar

Mercados testam recuperação nesta segunda
27 de Fevereiro, 2023 | 10:30 AM

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) oscila nesta segunda-feira (27), à medida que os mercados internacionais testam uma recuperação após fechar em forte queda na última sexta-feira (24). Dados recentes de inflação dos Estados Unidos mostraram que pressão sobre os preços continua elevada, o que tende a fazer com que o Federal Reserve (Fed) continue subir os juros no país, com efeitos negativos para o resultado das empresas.

No Brasil, os investidores também acompanham as discussões em Brasília em torno da cobrança impostos federais sobre gasolina etanol. A desoneração tributária termina amanhã (28), mas políticos do PT, como a líder do partido, Gleisi Hoffmann, pressionam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a prorrogar mais uma vez a desoneração. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a equipe econômica são a favor da cobrança de impostos sobre os combustíveis, para manter o equilíbrio fiscal.

O presidente Lula tinha reunião marcada nesta segunda-feira com Haddad e o presidente da Petrobras (PETR3, PETR4), Jean-Paul Prates, para discutir o tema.

Se a volta da cobrança de impostos se confirmar, os preços podem subir, o que tende a pressionar a inflação em 2023. O Relatório Focus do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira, mostrou que as projeções para o IPCA em 2023 subiram pela 11ª semana seguida, para 5,90%, enquanto a projeção para 2024 se manteve em 4,02%. A projeção para a Selic foi mantida em 12,75% para 2023 e em 10% para 2024.

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Entre outros destaques do dia, estão a divulgação dos balanços da AES Brasil (AESB3), Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), Intelbras (INTB3), IRB Brasil (IRBR3), EDP Brasil (ENBR3), que serão publicados após o fechamento do mercado.

Nos mercados internacionais, os investidores avaliam novos dados econômicos dos EUA divulgados nesta segunda-feira. Os dados sobre encomendas de bens duráveis caíram, em seu declínio mais acentuado desde abril de 2020. Mas, excluindo equipamentos de transporte, os pedidos de bens duráveis aumentaram mais do que o esperado. Enquanto isso, os dados mostraram que os pedidos feitos às fábricas dos EUA para equipamentos comerciais aumentaram em janeiro, pois as empresas continuaram a fazer investimentos de capital de longo prazo, apesar da incerteza sobre a economia.

Uma perspectiva mais otimista para as estimativas de lucros ajuda a diminuir os temores de que a inflação permaneça arraigada mesmo com a desaceleração do crescimento, atraindo os investidores de volta às ações.

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O clima otimista sofreu um golpe na semana passada, quando o indicador de inflação preferido do Fed acelerou e frustrou as esperanças de um pivô da política monetária. Os investidores agora estão precificando as taxas dos EUA para um pico de 5,4% este ano, em comparação com cerca de 5% há apenas um mês.

Confira o desempenho dos mercados nesta segunda-feira (27):

  • Por volta das 12h (horário de Brasília), o Ibovespa caía 0,06%, aos 105.824 pontos;
  • O dólar à vista recuava 0,28%, a R$ 5,19;
  • Nos EUA, os índices subiam: o Dow Jones subia 0,87%, o S&P 500, 0,95%, enquanto o Nasdaq tinha alta de 1,12%;

-- Com informações da Blooomberg News. Reportagem atualizada às 12h.

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Filipe Serrano

É editor da Bloomberg Línea Brasil e jornalista especializado na cobertura de macroeconomia, negócios, internacional e tecnologia. Foi editor de economia no jornal O Estado de S. Paulo, e editor na Exame e na revista INFO, da Editora Abril. Tem pós-graduação em Relações Internacionais pela FGV-SP, e graduação em Jornalismo pela PUC-SP.