Buffett explica por que faz recompras de ações em carta anual a investidores

Bilionário diz que compras de fatias da Berkshire e movimento semelhante com Apple e American Express recompensam se feitas a preços que agregam valor

Warren Buffett comenta em sua carta anual a acionistas da Berkshire as estratégias de alocação em 2022 e ao longo da carreira
25 de Fevereiro, 2023 | 10:47 AM

Bloomberg — Warren Buffett está de volta. Em sua aguardada carta anual neste sábado (25) aos acionistas da Berkshire Hathahway, a sua holding de participações, o bilionário investidor explicou os movimentos de alocação em 2022 e dedicou um trecho em particular ao movimento de recompra de ações ao longo do ano.

“A Berkshire teve um bom ano em 2022. Os ganhos operacionais da empresa [...] estabeleceram um recorde de US$ 30,8 bilhões. Charlie e eu nos concentramos nessa figura operacional e pedimos que você também o faça”, escreve Buffett logo no começo da carta ao apresentar os ganhos do ano.

Os ganhos operacionais foram de US$ 6,7 bilhões no quarto trimestre, pelo quarto período seguido de forma positiva, mas com queda de 14% em relação ao trimestre anterior. O valor de mercado por ação subiu 4% no ano inteiro de 2022, o que significou que a Berkshire superou com folga a queda de 18,1% do benchmark, o S&P 500 com dividendos inclusos.

“Um ganho muito pequeno no valor intrínseco por ação ocorreu em 2022 por meio de recompras de ações da Berkshire, bem como movimentos semelhantes na Apple [AAPL] e na American Express [AXP], ambas investidas significativas. Na Berkshire, aumentamos diretamente o seu interesse em nossa coleção única de empresas, recomprando 1,2% das ações em circulação. Na Apple e na Amex, as recompras aumentaram um pouco a propriedade da Berkshire sem nenhum custo para nós”, escreveu Buffett.

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No quarto trimestre, a Berkshire gastou US$ 2,86 bilhões em recompras de ações. Ainda assim, chegou ao fim de 2022 com US$ 128,65 bilhões em caixa, acima dos US$ 109 bilhões em setembro.

“A matemática não é complicada: quando o valor das ações diminui, o interesse em nossos muitos negócios aumenta. Cada pedacinho ajuda se as recompras forem feitas a preços que agregam valor. Com a mesma certeza, quando uma empresa paga demais por recompras, os acionistas perdem. Nessas ocasiões, os ganhos fluem apenas para os acionistas vendedores e para o amigável, mas caro, banqueiro de investimentos que recomendou as compras tolas”, apontou o CEO da Berkshire.

‘Erros cometidos’

Buffett, como de costume, comentou aprendizados na escolha de ativos em 80 anos investindo.

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“Ao longo dos anos, cometi muitos erros. Conseqüentemente, nosso extenso portfólio atualmente consiste em algumas empresas que têm economia verdadeiramente extraordinária, muitas que desfrutam de características econômicas muito boas e um grande grupo que é marginal.”

“Ao longo do caminho, outras empresas em que investi morreram, com produtos não desejados pelo público. O capitalismo tem dois lados: o sistema cria uma pilha cada vez maior de perdedores ao mesmo tempo em que entrega uma enxurrada de bens e serviços aprimorados. Schumpeter chamou esse fenômeno de ‘destruição criativa’”, escreveu o Oráculo de Omaha.

“Uma vantagem do nosso segmento de capital aberto é que – episodicamente – fica fácil comprar fatias de negócios maravilhosos a preços maravilhosos. É crucial entender que as ações geralmente são negociadas a preços realmente tolos, tanto altos quanto baixos.”

“‘Mercados “eficientes’ existem apenas em livros didáticos. Na verdade, ações e títulos negociáveis são difíceis de entender e seu comportamento em geral é compreensível apenas em retrospecto.”

- Em atualização.

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Marcelo Sakate

Marcelo Sakate é editor-chefe da Bloomberg Línea no Brasil. Anteriormente, foi editor da EXAME e do CNN Brasil Business, repórter sênior da Veja e chefe de reportagem de economia da Folha de S. Paulo.