IPCA desacelera e tem alta de 0,53% em janeiro, abaixo do que o esperado

Estimativa mediana em pesquisa da Bloomberg com economistas era de alta de 0,56%; em dezembro, indicador teve alta de 0,62%

Por

Bloomberg Línea — O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 0,53% em janeiro, abaixo da taxa de 0,62% registrada em dezembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta quinta-feira (9).

Em 12 meses, o IPCA acumula alta de 5,77%, abaixo dos 5,79% registrados nos 12 meses imediatamante anteriores.

Os dados vieram abaixo do que o esperado pelo mercado financeiro. Estimativa mediana em pesquisa da Bloomberg com economistas apontava para alta de 0,56% na base mensal e de 5,81% nos últimos 12 meses.

Na avaliação de Tatiana Nogueira, economista da XP, o resultado não muda a visão de que a desinflação está em curso, mas que deve continuar mais lenta ao longo do ano, principalmente por conta das pressões sobre bens administrados e alguns serviços.

Para fevereiro, a XP projeta aceleração do IPCA para 0,87%, puxada principalmente pelo reajuste da educação e da gasolina, “sob efeito da alta de 7,4% anunciado pela Petrobras há duas semanas”.

Já para Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs, a inflação pode se mostrar inercial (fixa para baixo) dada a intensificação dos mecanismos de fixação de preços e salários voltados (com a redefinição de contratos salariais incorporando ajustes de custo de vida). “Em nossa avaliação, as condições atuais desafiadoras justificam uma calibração conservadora da política monetária por um período de tempo razoável”, escreveu, em nota.

Principais impactos

Segundo o IBGE, o grupo de alimentação e bebidas exerceu o maior impacto sobre o índice geral, com alta de 0,59%, com grande influência dos subitens batata-inglesa (14,14%) e cenoura (17,55%).

“As altas nesses dois casos se explicam pela grande quantidade de chuvas nas regiões produtoras. Por outro lado, observamos queda de 22,68% no preço da cebola, por conta da maior oferta vindo das regiões Nordeste e Sul, item que teve alta de mais de 130% em 2022″, explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, em nota.

Na sequência, aparece o grupo dos transportes, com alta de 0,55% em meio ao aumento no preço dos combustíveis e ao pagamento do IPVA de 2023.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, apenas vestuário apresentou variação negativa, com queda de 0,27%. De acordo com Kislanov, o recuo em janeiro deve-se ao fato de várias lojas terem aplicado descontos sobre os preços que foram praticados em dezembro, para o Natal.

No relatório Focus, do Banco Central, as projeções para a inflação vêm sendo constantemente elevadas. No boletim mais recente, os economistas apontavam para alta de 5,78% do IPCA em 2023, ante estimativa anterior de 5,74%. Para 2024, as expectativas também sofreram piora, de 3,90% para 3,93%.

Diante da forte pressão inflacionária, o mercado espera juros altos por mais tempo. No Focus, a projeção para a Selic ao fim de 2024 foi elevada de 9,50% para 9,75% ao ano.

Leia também:

Magalu: juros altos limitam ganhos com crise da Americanas, dizem analistas

Oi entra com pedido de proteção contra credores em NY; Anatel avalia intervenção