Autoridades do Fed se dividem entre aumento de 0,25 ou 0,5 ponto percentual

Próxima reunião de política monetária do Fed acontece entre os dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro; última alta foi de meio ponto percentual

O Fed subiu os juros em 0,5 p.p. no mês passado, para um intervalo de 4,25% a 4,5%
Por Catarina Saraiva - Jonnelle Marte - Steve Matthews
19 de Janeiro, 2023 | 12:39 PM

Bloomberg — Duas autoridades do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, que votam nas reuniões de política monetária este ano apoiaram desacelerar o ritmo de aumentos dos juros, enquanto outros dois membros defendem elevar ainda mais as taxas.

A presidente do Fed de Dallas, Lorie Logan, e Patrick Harker, que comanda o Fed de Filadélfia, argumentaram a favor de pisar no freio novamente na campanha de aperto da autoridade monetária na próxima reunião.

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Seus comentários vieram na esteira de dados sobre as vendas no varejo dos EUA, que registraram a maior queda em um ano em dezembro, enquanto os preços ao produtor recuaram, dando continuidade a meses de desaceleração da inflação.

“Um ritmo mais lento é apenas uma maneira de garantir que tomamos as melhores decisões possíveis”, disse Logan em evento na Escola de Negócios McCombs da Universidade do Texas, Austin. “Podemos e, se necessário, devemos ajustar nossa estratégia geral de política para manter as condições financeiras restritivas, mesmo com a diminuição do ritmo.”

Harker, reiterando comentários feitos na semana passada, disse que aumentos de 0,25 ponto percentual seriam apropriados daqui para frente.

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“Acho que vamos acima de 5% – novamente, podemos discutir se é 5,25% ou 5,5% – mas ficaremos parados lá por um tempo”, disse em evento organizado pela Universidade de Delaware.

Ambos votam neste ano no Comitê Federal de Mercado Aberto que, segundo investidores, deve elevar a taxa básica em 0,25 ponto percentual na reunião entre 31 de janeiro e 1º de fevereiro.

O Fed subiu os juros em 0,5 p.p. no mês passado, para um intervalo de 4,25% a 4,5%, um aumento inferior às quatro altas consecutivas de 0,75 ponto em reuniões anteriores.

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Mais aumentos necessários

Os comentários dessas autoridades seguiram observações do presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, e de Loretta Mester, do Fed de Cleveland – defensores do aperto da política monetária acompanhados de perto pelo mercado – que enfatizaram a necessidade de continuar elevando as taxas.

“Estamos quase em uma zona que poderíamos chamar de restritiva – ainda não chegamos lá”, disse Bullard em entrevista ao jornal Wall Street Journal.

Ele explicou que as pressões de preços continuam muito altas e que as autoridades não devem “vacilar” ao trazê-las de forma constante até a meta de 2% do Fed.

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“A política deve permanecer no lado mais apertado durante 2023″ à medida que o processo desinflacionário se desenrola, acrescentou. Bullard traçou uma previsão para um intervalo de 5,25% a 5,5% até o fim deste ano no gráfico de pontos com as projeções do Fed divulgadas em dezembro.

A divulgação mostra que Bullard estava entre um grupo de cinco dos 19 membros do Fed que previram juros nessa faixa no fim de 2023. Outras duas autoridades projetaram taxas de 5,5% a 5,75%. A estimativa da taxa mediana era de 5% a 5,25%.

Os preços ao consumidor subiram 6,5% nos 12 meses até dezembro, o que marcou o ritmo mais lento em mais de um ano, segundo dados do Departamento do Trabalho.

“Estamos começando a ver o tipo de ação que precisamos ver”, disse Mester, do Fed de Cleveland, em entrevista à Associated Press publicada na quarta-feira (18). “Bons sinais de que as coisas estão caminhando na direção certa.”

Mester não revelou o tamanho do aumento defendido por ela na próxima reunião do Federal Reserve, mas enfatizou que deseja que os juros continuem subindo.

Bullard, entre os maiores defensores de apertar a política monetária, repetiu que é a favor de antecipar os aumentos de juros de forma a atingir a previsão do comitê acima de 5% o mais rápido possível.

Questionado se estaria aberto a elevar as taxas em 0, 50 ponto na reunião daqui a duas semanas, Bullard respondeu: “Sim, por que não ir para onde devemos ir, onde achamos que a taxa de juros deveria estar, para a situação atual?”.

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