Americanas cancela patrocínio milionário à nova edição do Big Brother Brasil

Empresa começa a cortar despesas após a descoberta de rombo contábil da ordem de R$ 20 bilhões e desiste de exposição de marca e ações no BBB23

Tadeu Schmidt, apresentador do BBB: nova edição do programa não terá mais patrocínio da Americanas
13 de Janeiro, 2023 | 04:50 PM

Bloomberg Línea — A Americanas (AMER3) continua a enfrentar as consequências do anúncio de falhas contábeis da ordem de R$ 20 bilhões. O grupo varejista já se vê diante da necessidade de cortar despesas, reduzir planos de investimentos e vender ativos para se adequar à nova realidade.

Neste primeiro trimestre, uma aposta era aumentar o faturamento com a força do marketing da nova edição do BBB (Big Brother Brasil), com estreia marcada para a próxima segunda-feira (16). Mas o patrocínio de valor não revelado foi cancelado, divulgou a companhia nesta sexta-feira (13).

“A Americanas S.A. informa que cancelou sua participação no BBB23. Neste momento, a companhia está focada na gestão do negócio e no propósito de oferecer a melhor experiência a seus clientes, parceiros e fornecedores. A TV Globo segue como relevante parceira na estratégia de marketing e comunicação da Americanas S.A.”, disse a varejista em nota.

Como a Bloomberg Línea informou no último dia 6, a Americanas planejava uma série de ativações durante o programa mais visto da TV brasileira na temporada de férias.

PUBLICIDADE

Nas redes sociais, a marca foi usada em memes de páginas de influenciadores do mercado financeiro, em brincadeiras sobre a descoberta do rombo e até com a moeda usada pelo BBB, em posts no Instagram como o meme “Onde estão os R$ 20 bi? Usei para comprar estalecas”.

A TV Globo confirma uma lista de 30 marcas que adquiriram cotas para o programa.

Em nota, a Americanas explicou anteriormente que patrocinava a atração devido à sua audiência elevada que vai além da TV, o que inclui as redes sociais.

PUBLICIDADE

Na manhã de quinta-feira (12), o ex-CEO da Americanas Sergio Rial disse que a companhia terá que reduzir seu capex (investimento) e receber uma injeção de capital, além de republicar balanços anteriores, para recuperar o caminho de sua jornada no modelo híbrido de varejo físico e digital.

As ações da companhia desabaram mais de 75% na B3 na quinta-feira em reação de investidores. Rial disse ontem que não estava em condições de dizer se houve fraude.

As ações subiam 30% nesta sexta-feira (13) por volta das 17h, a R$ 3,54. Na quarta-feira, antes da revelação, estavam a R$ 12,00.

Associar a sua marca ao BBB23 era a estratégia principal da companhia para acelerar o ritmo de crescimento das vendas do seu marketplace, formado por cerca de 149 mil lojistas cadastrados, em um cenário de juros e inflação ainda em patamares elevados e com o consumo das famílias contido pela concessão de crédito mais seletiva e pelo aumento da inadimplência.

Sai Americanas, entra Mercado Livre

Sai um e-commerce e entra outro: o Mercado Livre (MELI) fechou nesta sexta-feira (13) contrato de patrocínio à edição nº 23 do programa Big Brother Brasil, adquirindo uma das cotas Big. Segundo a empresa, o contrato inclui participação em provas e atividades rotineiras do programa, como festas e ativações pontuais.

“Identificamos neste projeto um grande potencial de amplificar nosso propósito de democratizar o comércio, levando uma experiência de excelência em e-commerce a todo o Brasil”, disse Thais Nicolau, diretora de Branding do Mercado Livre, em comunicado à imprensa.

Por meio de nota, a Globo disse que “fica feliz de contar com Mercado Livre no BBB23 e compreende perfeitamente a decisão de Americanas de focar na gestão do negócio nesse momento. Parceiras de longo prazo da Globo, as duas marcas contam com o nosso apoio.”

PUBLICIDADE

-- Colaborou Isabela Fleischmann

-- Atualizada às 20h17 para amplificar com comunicado do Mercado Livre e da Globo

Leia também

CVM abre 3 investigações sobre caso Americanas e mira também insider trading

Americanas: bancos esperam injeção de até R$ 10 bi e não devem antecipar dívida

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.