Bloomberg — O Federal Reserve deve ficar um pouco mais “dovish” em 2023, à medida que uma nova leva de dirigentes traz um foco maior do pleno emprego para o comitê de política monetária do banco central americano.
O termo “dovish” (de “dove” ou pombo) se refere a uma postura menos restritiva das taxas de juros. É o oposto de uma postura “hawkish” (de “hawk” ou falcão), daqueles que defendem um maior aperto monetário.
Com o rodízio anual dos membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, equivalente ao Copom) que votam nas decisões de juros, James Bullard do Fed de St. Louis, Loretta Mester do Fed de Cleveland e Esther George do Fed de Kansas City – todos a favor de taxas mais altas para conter a inflação – perderão seus votos. Susan Collins, do Fed de Boston, considerada neutra, também perde o poder decisório.
O novos votantes são o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, tido como “dovish”, Patrick Harker do Fed da Filadélfia e Lorie Logan de Dallas, ambos vistos como centristas, e ainda Neel Kashkari de Minneapolis, que tem sido bastante “hawkish”.
O resultado é que os dirigentes mais preocupados com a saúde do mercado de trabalho provavelmente terão um peso maior nas oito reuniões de política monetária de 2023.
O impacto da mudança pode ser inicialmente difícil de discernir. Há pouca distância entre as visões dos chamados “pombos” e “falcões” no momento – quase todos preveem que a taxa básica do Fed deve superar 5% até o final do próximo ano, e nenhum deles espera corte de juros, de acordo com as últimas projeções econômicas da instituição.
Além disso, Jerome Powell liderou uma das campanhas de aperto monetário mais rápidas em décadas com pouca dissidência, um sinal de seu forte controle sobre o comitê.

“O grupo de novos membros votantes de 2023 parece ter preferências de política monetária que estão mais do lado dovish do que o grupo que está de saída”, disse Roberto Perli, chefe de pesquisa de políticas globais da Piper Sandler. “No entanto, o comitê é muito unificado.”
As autoridades do Fed elevaram as taxas de juros em meio ponto percentual na última reunião, para uma meta de 4,25% a 4,5%. Eles também divulgaram previsões que indicam um pico de 5,1% no ano que vem, sem cortes antes de 2024.
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