Verde reduz exposição à bolsa brasileira e fala em ‘insensatez fiscal’

Em novembro, o fundo multimercado Verde FIC FIM, o carro-chefe da casa, teve perdas de 0,30%, ante variação de 1,02% do CDI

Luis Stuhlberger, gestor da Verde Asset
09 de Dezembro, 2022 | 01:34 PM

Bloomberg Línea — A falta de “compromisso com a responsabilidade fiscal” e a perda de “oportunidades” no último mês em meio à “PEC da Gastança” levaram a Verde Asset, Luis Stuhlberger, a reduzir a exposição à bolsa brasileira para dezembro.

“Um país com a história inflacionária do Brasil e taxas de juros de 13,75% brincar com esse tipo de argumento mostra que, definitivamente, o PT não aprendeu nada com o desastre do governo Dilma”, escreve a gestora em carta enviada aos cotistas referente ao desempenho, de novembro, do fundo carro-chefe da casa, o Verde FIC FIM.

Na carta, a gestora reitera a “insensatez fiscal” do novo governo e cita a referência à Teoria Monetária Moderna (Modern Monetary Theory, em tradução livre) no relatório da PEC “como justificativa para essa festa”. A referência foi retirada do texto após a repercussão negativa.

Para este mês, a posição vendida (aposta na queda) na bolsa americana foi mantida, assim como a posição comprada (aposta na alta) em inflação implícita no Brasil.

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A gestora de Luis Stuhlberger também adicionou uma “pequena posição” aplicada em juro real (à espera da queda das taxas), e está tomada em juros na Europa, isto é, de forma a ganhar com a alta das taxas. O multimercado está comprado em ouro e petróelo, bem como vendido em euro e comprado em real.

Na carta, a gestora destaca ainda o cenário mais favorável para Brasil em novembro, com queda de juros globais, correção do dólar e alta do minério de ferro (ganhos de 30% no mês), eventos que foram, segundo a casa, perdidos em meio à “farra dos gastos”.

“É mais uma clássica oportunidade perdida do Brasil. Caso o governo eleito exibisse um mínimo de disciplina fiscal, provavelmente estaríamos vendo taxa de câmbio na casa de R$ 4,90 e taxas de juros longas em torno de 10%”, escreve. E completa: “Não é sempre que o contexto global vai ser tão favorável ao país.”

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Desempenho

Em novembro, o fundo multimercado Verde FIC FIM, o carro-chefe da casa, teve perdas de 0,30%, ante variação de 1,02% do CDI.

Segundo a gestora, os ganhos vieram da posição de inflação implícita no Brasil, na compra de ouro, petróleo e crédito global. Já as perdas vieram das posições de bolsa, tanto no mercado local quanto americano, e da posição vendida em euro.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.