Por que este banco recomenda vender ações antes de o desemprego subir nos EUA

Estrategistas do Bank of America avaliam que o aumento do desemprego pode provocar um choque na percepção do consumidor americano

Fundos globais de renda variável registraram US$ 14,1 bilhões em saídas na semana até 30 de novembro
Por Sagarika Jaisinghani
05 de Dezembro, 2022 | 08:15 AM

Bloomberg — O otimismo de investidores em relação ao desaquecimento do mercado de trabalho dos Estados Unidos e a uma guinada da política monetária do Federal Reserve (Fed) é exagerado, de acordo com estrategistas do Bank of America, que recomendam vender ações que subiram no rali antes de um provável aumento do desemprego no próximo ano.

“Os pessimistas temem que o desemprego em 2023 seja tão chocante para a percepção do consumidor quanto a inflação foi em 2022”, escreveram estrategistas liderados por Michael Hartnett em relatório, segundo a qual os fundos globais de ações registraram as maiores saídas semanais em três meses. “Estamos vendendo ‘ralis de risco’ a partir daqui”, afirmou sobre os ganhos dos ativos de risco, reiterando sua preferência por títulos em vez de ações no primeiro semestre de 2023.

As bolsas se recuperaram nos últimos dois meses com apostas de que o Fed será capaz de domar a inflação a tempo de evitar uma recessão. Essa visão foi reforçada nesta semana depois de o presidente do Fed, Jerome Powell, ter sinalizado que o banco central está pronto para desacelerar o ritmo dos aumentos de juros. Apesar da expectativa de menor demanda por mão de obra, economistas dizem que uma desaceleração mais forte é necessária para que esteja mais alinhada à oferta e consiga frear os reajustes dos salários.

O Bank of America não está sozinho em sua visão negativa sobre as ações. As equipes de estratégia de mercado do JPMorgan Chase e do Goldman Sachs também alertaram para novas quedas no início do próximo ano em meio ao espectro de recessão.

PUBLICIDADE

De acordo com a nota do Bank of America, fundos globais de renda variável registraram US$ 14,1 bilhões em saídas na semana até 30 de novembro, liderados por ações dos EUA. Cerca de US$ 2,4 bilhões deixaram títulos globais, enquanto fundos em dinheiro tiveram entradas de US$ 31,1 bilhões, segundo a nota, que cita dados da EPFR Global. Fundos de ações europeus registraram a 42ª semana consecutiva de resgates.

As ações de large caps dos EUA sofreram resgates de US$ 14,5 bilhões. Fundos small caps, ações de crescimento e de valor também registraram saques. Entre setores, serviços públicos receberam recursos, enquanto US$ 600 milhões saíram do setor financeiro.

Veja mais em Bloomberg.com

PUBLICIDADE

Leia também

Descubra quais são as 10 empresas para ficar de olho em 2023

BlackRock: risco fiscal preocupa estrangeiro, mas não é exclusivo do Brasil

Hora de rali? Para estrategistas do JPMorgan, ações terão novas quedas adiante