Por que o Goldman Sachs vê os mercados em baixa até o fim de 2023

Relatório de estrategistas do banco aponta que o pico das taxas de juros ainda não foi atingido e que o ajuste nos valores de mercado ainda pode continuar

Estrategistas do Goldman veem mercados acionários voláteis e de baixa no curto prazo
Por Farah Elbahrawy
22 de Novembro, 2022 | 08:08 AM

Bloomberg — Investidores de renda variável à espera de um 2023 mais positivo podem se decepcionar, de acordo com estrategistas do Goldman Sachs, segundo os quais o mercado baixista ainda não acabou.

“As condições que normalmente são consistentes com um piso para a renda variável ainda não foram alcançadas”, escreveram estrategistas como Peter Oppenheimer e Sharon Bell em relatório divulgado na segunda-feira (21). Segundo eles, a taxa de juros ainda não atingiu o pico e o valor de mercado não caiu o suficiente para refletir o cenário recessão. Essas etapas necessárias antes que qualquer recuperação sustentada do mercado acionário possa ocorrer.

Os estrategistas estimam que o S&P 500 terminará 2023 em 4.000 pontos – apenas 0,9% acima do fechamento da sexta-feira (18) – enquanto o índice de referência europeu Stoxx Europe 600 deve encerrar o próximo ano com ganho em torno de 4%, em 450 pontos. Estrategistas do Barclays liderados por Emmanuel Cau têm a mesma meta para o indicador europeu e disseram que o caminho para chegar lá será “complicado”.

Um rali recente impulsionado por dados de inflação mais brandos nos EUA e notícias de flexibilização das restrições da covid na China levou vários índices acionários globais a níveis técnicos de “bull market”. A forte recuperação desde meados de outubro vem na esteira de um ano tumultuado para os mercados globais, com um ritmo intenso de aumento de juros por bancos centrais para controlar a inflação crescente, o que gerou temores de recessão.

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Estrategistas do Goldman disseram que os ganhos não são sustentáveis, porque os índices acionários normalmente não se recuperam em relação às mínimas até que o ritmo de deterioração do crescimento econômico e dos lucros diminua. “O caminho de curto prazo para os mercados acionários provavelmente será volátil e de baixa”, disseram.

A visão ecoa a análise de Michael Wilson, do Morgan Stanley, que reiterou nesta segunda-feira sua previsão de que as bolsas nos Estados Unidos terminarão 2023 quase inalteradas em relação ao nível atual e terão um caminho desafiador para chegar lá, o que inclui perdas no primeiro trimestre.

De acordo com sua nota divulgada nesta segunda, os clientes de Wilson reagiram contra sua visão de que o S&P 500 vai cair para 3.000 pontos nos primeiros três meses do ano que vem, o que representaria uma baixa de 24% em relação ao fechamento da sexta-feira. “O que ainda está para ser precificado é o risco dos lucros, e é isso que servirá como catalisador para o mercado atingir novas mínimas”, afirmou.

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Enquanto isso, estrategistas do Goldman esperam que as bolsas asiáticas mostrem desempenho positivo no próximo ano: o índice MSCI Asia-Pacific ex-Japan pode encerrar 2023 com alta de 11%, em 550 pontos. A equipe do Citigroup estava mais otimista em relação aos índices acionários chineses nesta segunda, pois a guinada do governo de Pequim em relação à Covid Zero e ao setor imobiliário deve aumentar os lucros.

Com o “bear market” ainda a todo vapor, Oppenheimer e equipe recomendaram foco em empresas de qualidade com balanços sólidos e margens estáveis, bem como aquelas com alto valor e ações de energia e recursos, onde os riscos para os valuations são limitados.

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