Além do aço: como a Gerdau pretende lucrar com o aluguel de caminhões

CEO da Gerdau revela detalhes da joint venture com a Randon em locação de veículos pesados, que será liderada por Fábio Leite

A Addiante, joint venture do grupo siderúrgico com a Empresas Randon, deve iniciar as operações nos próximos meses
11 de Novembro, 2022 | 08:03 AM
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Bloomberg Línea — Addiante. Esse é o nome da joint venture recém-criada pela Gerdau (GGBR4) e a Empresas Randon (RAPT4) para atuar em serviços de locação de veículos pesados e equipamentos, que será liderada pelo executivo Fábio Leite. Anunciada em setembro, a joint-venture terá participação de 50% de cada sócio nas ações da nova unidade, mas o mercado ainda aguardava detalhes sobre o início das operações da nova companhia, que vai enfrentar a Vamos (VAMO3) , subsidiária do Grupo Simpar (SIMH3), atual líder nesse segmento.

O CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, indicou, na quarta-feira (9), que a Addiante deve começar a operar no próximo ano. “Ainda estamos nos trâmites, constituindo a empresa”, disse ele, evitando dar detalhes sobre a assinatura do primeiro contrato da nova companhia, durante teleconferência com jornalistas.

O primeiro contrato de serviço pode ser assinado antes do final de 2022, e é provável que seja com a Randon ou a Gerdau, escreveu o analista Daniel Gasparete, do Itaú BBA, em relatório divulgado hoje.

Perfil do CEO

O CEO anunciado para comandar a Addiante é natural de São Paulo, capital paulista, tem 44 anos e soma mais de 25 anos de carreira profissional em empresas multinacionais e nacionais do segmento de transporte, onde atuou em áreas como comercial, compra de ativos, gestão de suprimentos, entre outros, informou a Gerdau.

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Leite é graduado em administração de empresas e possui MBA’s em desenvolvimento de executivos, gestão de negócios e gestão de liderança, segundo o grupo siderúrgico. Ele tem a missão de formatar equipes e estruturas necessárias para o início das operações da nova empresa nos próximos meses.

“Por meio da inteligência na gestão de ativos, a Addiante oferecerá ao mercado soluções rentáveis e adequadas à demanda de transportadores e embarcadores, com a prestação de serviços de locação de produtos relacionados ao transporte e movimentação de cargas”, informou a Gerdau, em nota.

Segmento estratégico

A expectativa é que os serviços oferecidos pela Addiante sejam similares aos da Vamos, diz o analista do Itaú BBA. Em seu balanço do terceiro trimestre, a Gerdau fez referência à criação da joint venture com a Randon.

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Em recente entrevista à Bloomberg Línea, o CFO da Vamos, Gustavo Moscatelli, disse que só 1% da frota brasileira de veículos pesados é locada e descartou que os novos concorrentes, como a Addiante, cheguem para promover uma guerra de preços, prejudicando a rentabilidade do segmento.

A Addiante pode atingir uma geração de caixa medida pelo Ebitda de R$ 118 milhões a R$ 196 milhões, segundo estimativa da equipe do Bradesco BBI e Ágora Investimentos, em nota divulgada no último dia 4 de novembro.

“A Gerdau Next e Empresas Randon concluíram a formação da joint venture Addiante para prestar serviços de locação de caminhões e equipamentos”, destacou o comunicado do grupo siderúrgico.

Werneck lembrou que a área responsável pela Addiante é a Gerdau Next, divisão de novos negócios, e que o propósito é impulsionar negócios para o futuro da mobilidade, diversificando o portfólio de negócios da maior empresa brasileira produtora de aço em segmentos estratégicos como a logística.

Randon

Por parte da Randon, a Addiante será conectada aos negócios da vertical de serviços financeiros e digitais, com o objetivo de complementar e potencializar a estratégia de atuação como um ecossistema de soluções para a mobilidade. A comercialização dos serviços da nova empresa contará com o apoio da rede de distribuidores da Randon Implementos, com mais de 80 pontos em todo o país, segundo a Gerdau.

“Acreditamos nas potencialidades deste novo negócio para o setor de transporte e logística, explorando sinergias e demandas do mercado na criação de soluções adequadas e sustentáveis”, disse o vice-presidente executivo e CTO das Empresas Randon, Daniel M. Ely, em nota.

Lucro trimestral

No terceiro trimestre, a Gerdau teve um lucro líquido ajustado de R$ 3,036 bilhões, queda de 33,1% em 12 meses. Os menores volumes de vendas, a maior pressão nos custos e variações cambiais no período foram citados como fatores para justificar essa queda. A dívida líquida do grupo siderúrgico terminou setembro em R$ 3,814 bilhões, abaixo dos R$ 4,05 bilhões no fim de junho.

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O CEO da Gerdau disse que o grupo monitora os possíveis impactos de uma recessão global e da inflação elevada na demanda de aço, mas que até o momento os setores atendidos pela companhia ainda apresentam uma demanda sólida e estável.

Werneck aposta principalmente nos setores industriais e de infraestrutura, como saneamento, para sustentar o desempenho operacional da siderúrgica. O aumento dos custos, principalmente de insumos como minério de ferro, carvão e sucata, também são observados com cuidado pelo grupo, segundo o executivo. “A demanda em 2023 deve ser parecida com a de 2022. Não vemos com preocupação a demanda de aço no Brasil. Deve permanecer sólida e consistente”, afirmou.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.