Apple diz que dólar forte impactou resultado em emergentes. Entenda

Para se proteger do impacto cambial, gigante de tecnologia tem contratado hedge cambial em alguns países, segundo o CFO Luca Maestri

“Em dólares, vimos crescimento muito forte de dois dígitos na Índia, Indonésia, México, Vietnã", disse o CFO da Apple, Luca Maestri
27 de Outubro, 2022 | 08:33 PM

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Bloomberg Línea — Com o dólar forte, a Apple (AAPL) teve receitas e margens brutas afetadas em seus últimos resultados trimestrais. Mas, mesmo com a situação desafiadora de câmbio - novos produtos tiveram aumento de preços quando convertidos para a moeda local -, a empresa obteve forte performance em mercados fora dos Estados Unidos, e o México está entre eles, com crescimento de dois dígitos.

No trimestre anterior, o CEO da Apple, Tim Cook, já havia mencionado a força da big tech em mercados emergentes e que no Brasil a empresa também teve “crescimento de dois dígitos”. No quarto trimestre fiscal, a receita da Apple cresceu 8,1%, para cerca de US$ 90,1 bilhões.

Por outro lado, o dólar forte vem afetando os resultados das grandes empresas de tecnologia americanas. Para se proteger das pressões cambiais, a Apple disse que tem contratos de hedge cambial, nos quais a empresa acorda uma cotação pré-determinada futura para o derivativo da moeda e um prazo.

É uma estratégia que a big tech de Cupertino executa desde 2014, quando os contratos ajudaram a diminuir o impacto do dólar sobre os seus resultados, em especial em mercados emergentes.

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“Obviamente é um fator significante, tentamos fazer contratos de hedge cambial nessas exposições como fizemos na China, mas pode haver moedas menores em que nós não fazemos hedge porque o custo é proibitivo ou o mercado não está lá ainda”, explicou o CFO da Apple, Luca Maestri, em teleconferência com os investidores na noite desta quinta-feira (27). “Mas em geral fazemos esses contratos porque isso nos dá um nível significativo de estabilidade nas margens”, disse.

Contudo, Maestri disse que com o tempo essa proteção é reduzida porque o contrato é finalizado e a empresa precisa comprar novos. Mas essa é uma das ferramentas principais que a Apple usa para reduzir a pressão sobre o câmbio.

“Claro que quando lançamos novos produtos olhamos para a situação do câmbio e em alguns casos clientes em mercados estrangeiros têm que passar por esse aumento de preços. Infelizmente essa é a situação que temos agora com o dólar forte”, disse Maestri. A Apple lançou novos produtos, em especial seu carro-chefe, um novo modelo do iPhone, recentemente. No México, o iPhone 14 custa $20.999 pesos (US$ 1.050). No Brasil, custa R$ 7.600 (US$ 1.423).

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“Em dólares, vimos crescimento muito forte de dois dígitos na Índia, Indonésia, México, Vietnã. Em moeda local, essas taxas de crescimento foram ainda maiores”, disse o CFO.

Segundo Maestri, é importante para a Apple ver a performance desses mercados em moeda local porque faz com que a empresa tenha um senso de como os consumidores estão respondendo e engajando com os produtos e a força da marca.

-- Título da matéria atualizado para esclarecer que o dólar forte pressionou a receita e a margem da Apple

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups