Quais são os bancos que podem ajudar o Credit Suisse a levantar capital

Banco suíço estuda se desfazer de asset management nos EUA em busca de até US$ 8 bilhões para cobrir perdas, segundo pessoas disseram à Bloomberg News

Banco suíço planeja apresentar no próximo dia 27 de outubro o seu plano de reestruturação
Por Jan-Henrik Förster - Dinesh Nair - Eyk Henning
18 de Outubro, 2022 | 05:50 PM
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Bloomberg — A pouco mais de uma semana para a divulgação de seu plano de recuperação, o Credit Suisse (CS) está sondando todas as possibilidades para arrecadar capital - e se preparando para atrair investidores de fora caso seja preciso, segundo a Bloomberg News.

O banco com sede em Zurique, na Suíça, trabalha com o Royal Bank of Canada (RBC) e o Morgan Stanley (MS) ao mesmo tempo para um possível reforço de capital para a reestruturação da empresa caso seja necessário, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.

As discussões reforçam os esforços para abrir mão de algumas áreas, provavelmente incluindo grande parte do banco de investimento e potencialmente da área de gestão de ativos nos Estados Unidos.

O reforço de capital que o banco estuda recebeu o nome de “Project Ghana” e pode acontecer depois do anúncio formal de reestruturação em 27 de outubro, disseram as pessoas.

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Após anos de escândalos e perdas bilionárias, investidores têm hoje pouca certeza sobre quanto custará para que o CEO Ulrich Koerner consiga restaurar a credibilidade da empresa. As estimativas dos analistas variam entre US$ 4 bilhões e até US$ 8 bilhões, embora os executivos possam tentar manter o valor mais baixo em meio a um momento de mercados voláteis e preços de ações pressionadas.

O que o Credit Suisse considera?

Os executivos poderiam considerar alguns cenários, como:

  • Vender o braço de gestão de ativos (asset management) dos Estados Unidos;
  • Spin-off (segregação) de partes do banco de investimento;
  • Reforço de capital;
  • Venda da unidade de produtos securitizados;
  • Venda do hotel Mandarin Oriental Savoy Zurich;
  • Venda de negócios da área de wealth management (gestão de patrimônio) na América Latina;
  • Venda de alguns ativos detidos pela unidade suíça
  • Venda já confirmada do negócio fiduciário

Se o Credit Suisse puxar o gatilho para um reforço de capital, provavelmente buscaria pelo menos US$ 2 bilhões para cobrir sua reestruturação e quaisquer perdas operacionais nos próximos dois anos, na medida em que a mudança de foco nos negócios acontece, disseram as pessoas.

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“Um ‘buraco’ de 6 bilhões de francos precisa ser coberto para reestruturar as operações, atender requisitos regulatórios, apoiar o crescimento e se proteger contra o desconhecido”, escreveram em nota os analistas da KBW. “Não acreditamos que isso seja possível apenas por meio da venda de ativos, principalmente no ambiente atual.”

Tanto o Morgan Stanley quanto o Royal Bank of Canada e o Credit Suisse se recusaram a comentar. As ações do banco suíço chegaram a subir 4,3% nesta terça-feira (18), antes de fecharem com ganhos de 1,57%, para 4,60 francos suíços, sugerindo que os investidores podem antecipar um aumento de capital com menos diluição do que alguns esperavam.

O Credit Suisse já entrou em contato com a autoridade de investimentos do Catar e outros nomes para avaliar o interesse em uma potencial injeção de capital, disseram pessoas familiarizadas com o assunto anteriormente.

Outros fundos do Oriente Médio, como o Mubadala, de Abu Dhabi, e o Fundo de Investimento Público, da Arábia Saudita, estão avaliando se vão colocar dinheiro no banco de investimento ou em outros negócios, disseram as pessoas.

Há muito tempo o Credit Suisse conta com os investidores ricos do Oriente Médio como acionistas principais, incluindo a QIA e o Olayan Group, da Arábia Saudita.

Eles costumam investir em momentos pontuais e necessários, incluindo a participação da QIA na emissão de notas conversíveis de aproximadamente US$ 2 bilhões do Credit Suisse em abril de 2021, o que ajudou a fortalecer o balanço patrimonial depois do colapso do fundo Archegos.

O analista do Goldman Sachs (GS) Chris Hallam disse na semana passada que o banco pode enfrentar um déficit de capital de pelo menos 4 bilhões de francos suíços - cerca de US$ 4 bilhões - para pagar sua reestruturação em um momento de geração de capital reduzida. O valor necessário total pode chegar a 8 bilhões de francos - cerca de US$ 8 bilhões -, disse Hallam.

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No período que antecede o anúncio do dia 27, o banco tenta acelerar seus planos de alienação de ativos, incluindo uma provável venda parcial de sua unidade de produtos securitizados.

O negócio já atraiu o interesse da Pimco, da Sixth Street e também de um grupo de investidores, incluindo a Centerbridge Partners, disseram pessoas com conhecimento do assunto.

O banco também procura por um investidor de fora para injetar dinheiro em um potencial spinoff de seus negócios de consultoria e de investimentos. A separação da unidade de negociação e de distribuição de ações quebraria a problemática divisão do banco de investimento em três partes.

Além do banco de investimento, o Credit Suisse também considera a venda de suas operações de gestão de ativos nos EUA, a asset management. Nenhuma decisão final foi tomada e o Credit Suisse pode optar por manter a unidade, disseram as pessoas pedindo anonimato.

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- Com a colaboração de Marion Halftermeyer.

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