Por que alguns preferem mudar de emprego a voltar ao trabalho presencial

Pesquisa indica que a maioria dos trabalhadores valoriza a oportunidade de trabalhar de casa parte da semana

Funcionários dizem ser mais produtivos trabalhando de casa
Por Katia Dmitrieva e Alexandre Tanzi
15 de Outubro, 2022 | 07:09 PM

Bloomberg — À medida que as empresas de Wall Street ordenam que os funcionários voltem ao escritório, a opção de trabalhar de casa continua mais popular do que nunca em todo o mundo, de acordo com um novo estudo.

Após mais de dois anos lidando com a pandemia, muitas companhias flexibilizaram as regras de vacinação, testes e máscaras e reabriram seus escritórios em período integral. O Goldman Sachs e o Jefferies estão entre os gigantes americanos financeiros que conduziram uma forte campanha de trabalho presencial.

O problema é que os trabalhadores não querem voltar - e isso é verdade em todos os países e indústrias, de acordo com um trabalho de pesquisa publicado no mês passado por uma equipe de economistas, incluindo Nicholas Bloom da Universidade de Stanford, que coleta dados sobre trabalho remoto desde os primeiros dias da pandemia.

Os trabalhadores afirmam que são mais produtivos em casa e que deixariam seus empregos ou procurariam outro lugar se fossem forçados a voltar. Além disso, eles dizem que aceitariam cortes salariais para manter a opção remota. A pesquisa se baseia em questionários distribuídos entre meados de 2021 e início de 2022 para pessoas em 27 países, inclinando-se para funcionários de renda mais alta.

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A mudança para o trabalho remoto “beneficia os trabalhadores”, escreveram os pesquisadores. “A razão é simples: a maioria dos trabalhadores valoriza a oportunidade de trabalhar de casa parte da semana, e alguns valorizam muito.”

Em média, as pessoas entrevistadas atualmente trabalham cerca de 1,5 dia em casa a cada semana. Funcionários de países onde os deslocamentos são geralmente mais longos tendem a valorizar mais o tempo de trabalho em casa. Na Índia e na China, por exemplo, o tempo médio de deslocamento é superior a 90 minutos, aproximadamente o dobro da duração dos trabalhadores nos Estados Unidos.

Os trabalhadores disseram que aceitariam um corte salarial de 5%, em média, para continuar trabalhando em casa. As mulheres - que são mais propensas a serem cuidadoras de crianças ou outros membros da família - valorizam a opção remota mais do que os homens, segundo o estudo.

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Em muitos países, os empregados querem trabalhar em casa com mais frequência do que estão fazendo agora. Os entrevistados no Brasil e em Singapura disseram que desejam trabalhar a maior parte dos dias remotamente, enquanto em alguns países, como a Índia, desejam passar mais tempo no escritório.

Cerca de um terço dos trabalhadores dos Estados Unidos pediriam demissão ou começariam a procurar outro emprego se solicitados a retornar ao local de trabalho cinco dias por semana, acima da média global. A taxa foi mais alta no Reino Unido.

Os trabalhadores não se sentem menos produtivos ao trabalhar em casa, de acordo com o estudo – ressaltando pesquisas anteriores de acadêmicos, incluindo Bloom, de Stanford.

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