Após o 1º turno, é hora de ampliar a exposição ao Brasil? 9 gestoras respondem

Da SPX Capital, cujo fundo Nimitz teve retorno acima de 5% em setembro, à Ibiuna, assets revelam suas estratégias sobre a bolsa local e outros ativos

Painel de cotações da bolsa brasileira, a B3: parte do mercado enxerga um balanço mais favorável de riscos depois do primeiro turno
Por Vinícius Andrade
14 de Outubro, 2022 | 03:47 PM

Bloomberg — O primeiro turno das eleições brasileiras tornou o balanço de riscos mais favorável para os ativos domésticos, enfraquecendo a probabilidade de alguma grande guinada na política econômica e fiscal do país, segundo algumas das maiores gestoras independentes de fundos multimercados.

A votação do dia 2 de outubro mostrou uma diferença mais apertada do que o esperado entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o atual mandatário Jair Bolsonaro. Além disso, a composição do novo Congresso reforçou a força de partidos de direita, sinalizando que, se eleito, Lula teria mais dificuldade em tentar implementar medidas mais radicais. O segundo turno entre o líder petista e Bolsonaro está marcado para 30 de outubro.

O primeiro turno “trouxe surpresas importantes para a maioria dos analistas”, disse a Verde Asset Management, em carta a cotistas neste mês. “Caso Lula vença, a margem de manobra do seu governo - especialmente para potenciais contrarreformas - fica mais limitada.”

O resultado fez com que alguns investidores aumentassem sua exposição aos ativos locais. A Genoa Capital, que tem mais de R$ 12 bilhões sob gestão, disse que retomou uma posição direcional comprada em bolsa brasileira, enquanto a Adam Capital - do renomado gestor Márcio Appel - disse que o país é, no relativo, “uma das melhores geografias para investimentos” neste momento.

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Ainda assim, alguns aguardam mais visibilidade sobre o próximo governo. Felipe Guerra, sócio-fundador da Legacy Capital, disse em um evento realizado na Bloomberg em São Paulo na semana passada que os caminhos podem ser “totalmente diferentes” dependendo do vencedor.

Embora nomes como Henrique Meirelles, Armínio Fraga e Pérsio Arida tenham endossado Lula, o candidato do Partido dos Trabalhadores ainda não forneceu muitos detalhes sobre suas propostas e equipe econômica.

O Brasil possivelmente terá que discutir um novo arcabouço fiscal em substituição ao teto, disse a SPX Capital, em carta assinada pelo sócio e gestor Murilo Oliveira. “Será necessária uma equipe com um plano crível para recuperarmos a confiança dos investidores”, segundo a SPX, cujo fundo Nimitz teve o seu quarto melhor retorno mensal da história no mês passado.

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Veja o que alguns dos principais fundos multimercado do país disseram em suas cartas mensais de setembro. A taxa de referência, o CDI, teve variação de +1,07% no período:

Absolute

O fundo tem posição líquida comprada em bolsa brasileira e vendida em bolsa americana. O primeiro turno trouxe uma “redistribuição positiva” de riscos para os ativos locais.

  • Absolute Vertex FIC: +3,80% em setembro

Adam Capital

Dados de crédito, emprego e arrecadação no Brasil vieram acima do esperado, enquanto há indícios de uma maior substituição do consumo de bens por serviços. O fundo está comprado em bolsa local e aumentou a venda de bolsa alemã.

  • Adam Macro II FIC: -0,26% em setembro

Bahia Asset Management

O primeiro turno trouxe resultados melhores do que o esperado para Bolsonaro, enquanto o Congresso se mostrou mais conservador. O fundo monitora sinalizações sobre a formação da equipe econômica do eventual governo. Apostas em renda variável local incluem setor elétrico e consumo discrionário.

  • Bahia AM Marau FIC: +2,04% em setembro

Genoa Capital

O fundo Genoa Capital Radar está levemente comprado em real contra o dólar e voltou a ter posição direcional comprada em bolsa brasileira.

  • Genoa Capital Radar FIC FIM: +2,12% em setembro

Ibiuna Investimentos

A gestora ficou mais construtiva com o Brasil diante da combinação de resultados eleitorais e fim do ciclo de aperto monetário. O fundo vê perspectiva de adoção de um programa econômico mais ortodoxo pelo próximo governo.

  • Ibiuna Hedge STH FIC: +2,48% em setembro

Kapitalo Investimentos

O mercado de trabalho mais aquecido no Brasil e a inflação em queda acentuada contribuem para o aumento na aprovação do atual governo, mas pesquisas indicam que a continuidade do Executivo federal é improvável. O fundo reduziu posições compradas e de valor relativo em ações brasileiras.

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  • Kapitalo Kappa FIN: +0,16% em setembro

Legacy Capital

Os resultados do primeiro turno sugerem suporte de preços mais elevado para os ativos brasileiros do que o esperado antes da votação. A corrida pela presidência “está em aberto” e a composição do Congresso sugere que “Lula, caso eleito, terá maior dificuldade para implementar pautas de esquerda mais radicais”.

  • Legacy Capital FIC: +1,90% em setembro

SPX Capital

O fundo montou posições vendidas em metais industriais e preciosos, enquanto manteve alocações aplicadas em juros no Brasil. A SPX também tem posição líquida vendida no mercado de crédito emergente.

  • SPX Nimitz Feeder FIC: +5,17% em setembro

Verde Asset Management

As eleições mitigaram a probabilidade de riscos de cauda para os ativos brasileiros, com a eleição de um Congresso mais conservador do que se projetava. O fundo comprou mais petróleo, zerou posições tomadas em juros nos Estados Unidos e aumentou posição em inflação implícita no Brasil.

  • Verde FIC FIM: -0,46% em setembro

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